29 de dezembro de 2008

Li algures que...

... se olharmos para um ano...
... e não encontrarmos nenhum motivo para derramar uma lágrima...
... seja de tristeza ou alegria...
... é porque terá sido um ano vão.

Assim sendo...

Que 2008 vos tenha feito chorar.

E que 2009 vos traga lágrimas... de preferência de Felicidade!

10 de dezembro de 2008

Perdoa...


... se não te arranco o que não me queres contar.
Desculpa se não te invado quando me ignoras ou afastas.

Perdoa o respeito com que te brindo.
E o ciúme daqueles a quem te consegues dar.

Mas se não falares, calar-me-ei.
Se não partilhares, fechar-me-ei.

E se me virares costas, partirei.

5 de dezembro de 2008

O negrume...

... nunca me deixa por muito tempo.
E deixo o cinzento do tempo entranhar-se-me aos poucos na pele.

A solidão faz-se sentir como nunca.

São as viagens que não quero fazer sozinha.
E as compras que sonho fazer a dois.

É o riso que anseio partilhar.
E o peso que procuro dividir.

É continuar a querer o errado.
E a dúvida imortal se, um dia, mandei embora o certo.

É o medo, o eterno medo, de estar só... de ficar só.
E o medo maior de, com o tempo, o medo me dominar.

Envelheço, envelheço, envelheço...

Ai a inveja, meu Deus, a inveja!
De ser bela, de ser pura... de ser fraca.

27 de novembro de 2008

No fundo, sabes...

... que não me vais voltar a ver.
Acredito que prefiras lembrar apenas o que foi... um dia.

No fundo, sabes...
... que nunca mais vai ser surpresa.
... que nunca vai voltar a ser igual.

'Amor' à hora marcada?
Com cenário preparado?

No fundo, sabes...
... que a beleza surgiu dos teus braços medindo a minha cintura...
... apenas porque era a primeira vez.

No fundo, sabes....
... que desenhaste a tua música em mim...
... apenas porque ainda estavas a aprender-me.

E, por isso, no fundo, sabes...
... que nunca mais será surpresa.
... nunca mais será igual.

E, por isso, no fundo, sabes...
... que nunca mais será.

24 de novembro de 2008

Não sei...


... o que provocará maior silêncio entre duas mulheres.


Se o facto de uma delas estar deslumbrante.

Se a falta de coragem em dizer-lhe como está pavorosa.

20 de novembro de 2008

Aaahh... o sossego!

Ocorreu-me que as relações são como músicas numa discoteca.

Quando começa uma que adoramos, não conseguimos parar de saltar e dançar.
Mas à medida que a música avança, o entusiasmo vai esmorecendo e vamo-nos cansando até ficarmos na pista apenas a balançar o corpo.

(já para não falar da sucessão de músicas de que não gostamos tanto enquanto esperamos por outra que nos faça partir a loiça toda outra vez...)

19 de novembro de 2008

Se calhar...

... já disse isto aqui.

Mas sempre me fez alguma comichão ouvir, por sistema, queixas sobre excesso de trabalho, o facto de se ser sempre sobrecarregado com o trabalho de outros, o pormenor de ter de estar sempre a 'limpar' erros de terceiros ou as reclamações sobre o quanto é subvalorizado o próprio trabalho.

As queixinhas (coisa em que, pessoalmente, acho que ninguém consegue suplantar-me!) soam-me sempre a desculpa esfarrapada para incompetência, desorganização e falta de brio profissional.

Quem tem muito trabalho não se queixa... porque não tem tempo para isso!
Quem é organizado não se queixa... porque o muito trabalho que tem está (muito dificilmente mas está!) em dia.
Quem é competente não se queixa... porque o seu trabalho (mais tarde ou mais cedo) é valorizado.
Quem tem brio profissional não se queixa... porque corrige os erros (mesmo se de terceiros) para que o seu próprio trabalho não os tenha.

E sei, por experiência própria, que me atraso mais nos trabalhos que não domino... não porque tenha 'trabalho a mais' mas devido à minha própria ignorância.
E reconheço que, por vezes, acumulo tarefas... não porque esteja 'sobrecarregada' mas porque me deixo desorganizar por outros factores.

Portanto, irrita-me (um bocadinho) que me digam que são muito bons e muito capazes e que, por isso, sejam sempre os mais requisitados e os mais sacrificados mas simultaneamente (vá-se lá saber porquê!) os menos reconhecidos e recompensados.
Não me gozem!
E olhem que eu até gosto de me queixar...

18 de novembro de 2008

Se há série...



... que, actualmente, me deixa bem humorada, essa série é a Boston Legal!


Já viram?


Sou fã! :)

17 de novembro de 2008

De manhã...

Um dia novinho em folha...
Estrada aberta...
Um cheirinho de "Nobody does it better" na rádio que ficou comigo o dia todo...
Roupa nova (não me canso de agradecer-te... até mesmo quando não me consegues ouvir)...
Good hair day...
Óculos escuros...
O sol a aquecer-me a pele e a alma...
A notícia que me relembra a vitória do SLBenfica...

Desenrugo a testa e esboço um leve sorriso...

Há momentos magníficos que nos mostram que vale a pena andar por cá mais um dia...

29 de outubro de 2008

Quero acreditar...

... que a falta de qualidade que por aqui grassa se deve (apenas) à falta de tempo e dedicação.
Quero pensar que a sensaboria e monotonia que por aqui se instalou são (só) fruto de uma falta de inspiração passageira.

Quero sonhar que sei e posso.
Quero crer que o bom só depende de mim.

E compreendo aquela que diz que só conseguirá voltar a escrever quando voltar a sentir paixão.

E espero voltar brevemente a não conseguir conter as palavras que já não cabem no meu coração.

Mesmo que sejam tristes.
Mesmo que chorem sal.

Mas que voltem a ter sentido, que voltem a ser sentidas.
E que irrompam em chorrilhos, espelho exacerbado de vida.

28 de outubro de 2008

Posso...

... responder mais tarde?
Posso pensar um pouco na resposta?

Depois dou-te este endereço.
Para que me possas ler na íntegra.

É que assim não me vou esquecer de nada.
E vou ter tempo para me explicar melhor.

Vou conseguir magoar-te, se fizeste por merecê-lo.
E vou usar de ironia, se foste tu que me feriste.

Vou parecer inteligente e sagaz, se tiver tempo para me preparar.
E vou ser directa e fria se, primeiro, deixar a poeira assentar.

E assim não vou chorar o que disse.
E, pior ainda, lamentar o que não me ocorreu dizer.

Porque pude pensar antes de falar.
Mas não deixei de te responder!

27 de outubro de 2008

Sou crua...

... e mordaz.
Cínica e rude.

O meu primeiro instinto é cruel.
O meu primeiro impulso é feroz.

Não tenho compaixão, nem piedade.
Falta-me uma qualquer costela de humanidade.

Sinto muita ira sem sentido.
Tenho imensa raiva (até de mim!).

Sou animal enjaulado, amachucado.
Ferido, humilhado, acabrunhado.

Sou fera domesticada.
Amordaçada e dominada por mim.

Grito só por dentro.
Mordo as minhas próprias entranhas.

E sangro porque verto e rebento.
E morro porque me afogo em silêncio.

24 de outubro de 2008

Perdoa...

... se não acredito.
Mas mais já disseram "Até breve" e não voltarão.

Como ele que me pintou.
Ou ele que mergulhou num oceano que era eu.

Entendo as prisões e as correntes.
Mas melhor entendo as partidas e os adeus.

Mesmo quando prometem ser breves.
Mesmo quando pretendem que o não são.

23 de outubro de 2008

Como qualquer bom português...

... também eu sou galinho(a) vaidoso(a).

Vejo as minhas cores mais fortes do que são.
Ouço o meu canto mais alto do que alguma vez conseguiu ir.
Sinto o meu corpo mais robusto do que alguma vez será.
Creio que as minhas asas têm poder para me levar mais longe.

Mas sou apenas galinho(a) vaidoso(a).
Sem noção de si.
"Armado aos cucos".
Armado em parvo.

Sou galinho(a) vaidoso(a).
Sem noção de si.
A pensar que é rei.
A sonhar que é águia.


22 de outubro de 2008

Mas duro mesmo...

... é perceber que sou eu quem não sabe querer bem, afinal.

Que sou eu que não procuro.
Que sou eu que não me esforço.

Que sou eu que me afasto.
Que sou eu, afinal, que vos deixo.

21 de outubro de 2008

É sempre assim...

... na minha vida.

Deixo que me deixem.
Desejo que se afastem.

Dá trabalho querer bem.
E é tão difícil estar sempre lá.

Lá onde não nos esquecemos nunca de gostar.
Lá onde vemos sempre e não nos limitamos a olhar.

E por isso deixo sempre que me deixem.
E até chego a agradecer que se afastem.

Porque é difícil ver sempre quando nunca sou vista.
E ainda mais difícil querer bem quando raramente sou benquista.

E tem sido sempre assim na minha vida.

17 de outubro de 2008

Já repararam...

... como as pessoas grandes são delicadas?

Costumam falar claro, não muito alto mas com uma firmeza e segurança agradável na voz.
Pedem Desculpa, dizem Obrigada, Com Licença e Por Favor.

Não se deixam cair ao meu lado no metro.
Bem pelo contrário, sentam-se quase sem eu dar por elas.

Transmitem, quase sempre, uma aura de dignidade e imponência.
Mas impõem-se, quase sempre, por uma humildade tão grande como elas.

Caminham bastante depressa mas sempre dando a sensação que vão devagar.
E nunca atropelam, nem empurram... talvez porque tenham a perfeita noção da sua força.

E não, não escrevi este texto por tua causa.
Ainda que já o tivesse pensado muitas vezes a teu respeito :)

16 de outubro de 2008

O que eu queria...

... era a loucura envolvida em confiança.
E o desejo aconchegado em intimidade.

O que eu queria era a vontade prisioneira em afeição.
E o desvario atrevido na segurança do outro.

O que eu queria era o impulso sempre renovado mas velho conhecido.
E o perigo desmesurado num hábito já entranhado.

Mas o que eu queria mesmo era não querer nada daquilo que eu quero.
Porque seria bem mais fácil querer somente o que (os meus) outros querem.

14 de outubro de 2008

Não tenho...

... tido grande tempo para escrever, é certo.
Mas o que me falta mesmo é vontade... de escrever... de tentar, sequer.

Sabia que, quando o azul passasse, o rosa não me inspiraria.

Não que seja um rosa choque ou um ofuscante fúcsia.
Mas não deixa de ser rosa... rosa pálido de fim de tarde e de quarto de bébé... suave, tranquilo, desmaiado e desinteressante.

Tão insosso que não pretende ter história.
Tão descorado que não merece destaque.

E vou lavando nódoas e outros salpicos.
E vou fugindo a matizes e outros apliques.

E caminho neste vermelho vivo que quase diluí em branco...
... mas que quero acreditar que ainda é rosa.

Rosa pálido de fim de tarde e quarto de bébé.
Suave, tranquilo, desmaiado e desinteressante.

10 de outubro de 2008

Ca nervos!!

Quando estou nervosa,
há pouca coisa que me acalme menos do que dizerem-me:
"Acalma-te..."

And you should...

9 de outubro de 2008

O meu...

... “Não” é potente.
Mesmo quando dito de mansinho.

A minha recusa é inegável.
Mesmo quando nada evidente.

A fuga ao que não quero é incontestável.
Mesmo quando encoberta de subtileza.

E o “Sim” que me rouba auto-estima só me é arrancado à força.

À força da insistência.
À força do cansaço.

E à força da minha própria fraqueza.

7 de outubro de 2008

Lamento...

... o tempo que não te posso conceder.
E a pressa com que despacho os teus assuntos.

Não tenho calma para te dizer o que sinto.
E não sinto nada além do que impede que te escreva.

Mas lamento a falta que me fazes.
E lamento a minha falta no teu leito.

Porque eu sou água e terra e ar e fogo.
Princípio e fim da tua vida.

E tu és pão e sangue e roupa e cama.
Fim em ti mesmo, história fugaz.
Mas história só minha, alento, defesa.
Guerra só minha e sempre, sempre minha paz.

3 de outubro de 2008

Ela não gosta...

... de mim, sinto à légua.

Distribui mimos e atenções (quase) indiscriminadamente.
Mas, de mim, desconfia e guarda sempre reserva.

Mesmo quando 'afaga' é distante.
Mesmo quando agrada é favor.

Parecemos galinhas em guerra fria por um poleiro.
Sem nem saber que poleiro é esse, afinal.

Mas ela é líder que detesta sombra.
Rebelde que recusa freio.

E a distância vai aumentando.
E o afecto continuamente esfriando.

Porque ela não gosta de mim.
E eu não gosto de quem me trata assim.

2 de outubro de 2008

Nunca pensei...

... que pudesse ser tão simples.
E muito menos que dependesse apenas de mim.

Cheguei, ouvi e... agora fiquei a pensar.

Tenho (mesmo) vontade de mudar?
Estou disposta a arriscar?
Sim ou não?

1 de outubro de 2008

"Tu nunca vais ser...

... uma mulher bonita!" disse-me ela (quero acreditar) com a melhor das intenções.
Porque não me esforço por sê-lo, continuou.
Porque não dou nenhuma ajuda à natureza, nem procuro disfarçar nenhum 'erro divino'.
E porque não me concedo nenhum tempo para melhorar.

O meu cabelo mantenho-o desgrenhado com cortes que não necessitem de secador, como explicitamente exijo ao cabeleireiro nas poucas vezes que lá vou.
As imperfeições da minha pele não estão escondidas por nenhum creme ocultador de defeitos.
Não uso batom, a não ser o do cieiro (e apenas quando realmente preciso).
E as olheiras (que já nasceram comigo) são perfeita e completamente indisfarçáveis.

É (também) muita preguiça, eu sei.
Que vai servindo de desculpa para manter o meu ‘estilo natural’.
Mas é fundamentalmente um “what you see is what you get” que me agrada sobremaneira por nunca me trazer dissabores a mim, nem provocar desapontamentos a terceiros.
Um “se gostares de mim, tens de o fazer apesar de mim” que cultivo quase como filosofia de vida.

É muita preguiça, reconheço.
Mas também essa me recuso a ocultar.

30 de setembro de 2008

Deve ser...

... normal.

Ter estas fases em que nada mais parece existir do que o vai e vem contínuo "casa-trabalho, trabalho-casa"... mas aceitar esse facto sem grande reclame.
Ter esta sucessão de dias em que acordo quase de madrugada e chego a casa já de noite... e mesmo assim sorrir com vontade durante o dia.
Ter estes (longos) períodos em que as suas provocações continuam a agradar-me... sem que, no entanto, consigam convencer-me.
Ter esta preguiça que me impede de fazer tudo o que me roube tempo e/ou descanso... mas raramente lamentar o que perco.
Ter estas travessias de deserto em que tudo parece árido, pálido e aborrecido... mas continuar a descobrir conforto em mim própria.
Ter esta sensação de 'dejá'-sentido, 'dejá'-feito, 'dejá'-passado... mas não me esforçar por reatar, renovar, reaprender, voltar a tentar.

Deve ser normal, digo eu.
Deve ser normal...

25 de setembro de 2008

É a tua mão...

... que tenta amparar-me, eu sei.
Com o cuidado e o desvelo que te adivinho.

Queres ser a rede que me retire deste mar.
O escudo que me proteja nesta terra.

Mas eu sinto que só vivo neste livro.
E acredito que definho noutra guerra.

E sou meu próprio carrasco.
O meu próprio carcereiro.

Sempre ingrata, os tesouros renegando.
Que esta vontade me condene... sempre receando.

24 de setembro de 2008

Incongruências



Não acredito na perfeição.


Mesmo quando sonho com ela...

23 de setembro de 2008

Ele tem...

... 34 anos.
E domina o Mundo!

Atingiu rapidamente o topo da carreira na empresa onde se encontra.
E agora foi 'recrutado', sem nem sequer se ter candidatado, por uma das maiores empresas concorrentes.

Ele é inteligente e perspicaz.
Ele é jovem, bem parecido e capaz.

O dinheiro já lhe veio do berço.
E acumula casas, troca de carro, sem o menor apego.

Comprou 2 cães (de raça, evidentemente!) que ainda mantém.
Teve 2 mulheres... que não conseguiram prendê-lo tão bem.

E está cansado... mentalmente exausto.
Ele que domina o Mundo... aos 34.

22 de setembro de 2008

Às vezes...


... gostava de voltar a falar-lhe.


Mas seria apenas para lhe dizer todas as verdades que engulo mas que acho que continua a precisar de ouvir.

19 de setembro de 2008

A pergunta do dia

Hoje, naqueles jornais gratuitos diários, a pergunta do dia era qualquer coisa do género:
"Se pudesse largar tudo, o que faria em primeiro lugar?"

Das três respostas recolhidas, surgiram coisas tão diferentes como:
"Rezar"
"Viajar"
"Dormir"

Matutei, matutei.
E, até agora, ainda não sei o que responderia...

18 de setembro de 2008

De um modo geral...

... não gosto de surpresas.
Boas ou más, tanto faz.

Não me deixo desarmar por uma flor ou um ramo delas.
Não me comovo se me dedicam uma música ou mesmo se a cantam para mim.

Não me conquistam grandes aparatos.
Não me arrebata muito espectáculo.

Não me tocam com prendas, nem palavras.
Não amoleço com lisonjas, nem patranhas.

Mas endureço (sempre) se a surpresa é má.
E ganho outros melindres se fui eu que a destapei.

E arrefeço muitas vezes com a verdade.
Não porque não a tenha desejado...
... mas apenas porque chegou tarde.

17 de setembro de 2008

Opinião

O que é verdadeiramente triste é uma equipa que está em crise na Liga Espanhola dar um banho de bola a uma candidata ao título da Liga Portuguesa.

[E é de mim ou o Miguel Veloso derrapou definitivamente para o extraordinariamente parolo?! E eu que já achei tanta piada ao moço...]

16 de setembro de 2008

São exemplos...

... que me inspiram, é verdade.

Aqueles que me dizem que devo estar grata pelo tanto que tenho.
Os que me obrigam a reconhecer que, de facto, nada sofro.
Os tantos que evidenciam que pouco (ou nada) me falta.

E, nessas alturas, decido-me a ser feliz.
Assim, simplesmente.

Porque, afinal, faz todo o sentido que assim seja.
É isso mesmo!

Vou fazer as tais listas.
E olhar para elas todos os dias.

Tudo pelo qual estou grata.
E todos os objectivos que gostaria de alcançar.

Mas não morrerei se algo ficar pelo caminho.
Se o Universo não me der tudo o que peço.

E o que vou pedir primeiro é aprender a viver assim.
Sem exigências, com gratidão, apaixonada por mim!

15 de setembro de 2008

O peso dos anos...

... alivia-me o peso da Vida.

Agora, aceito que não sou (ou tenho de ser) perfeita.
E arrisco mais sem vãs vergonhas.

Agora assumo poder e coragem.
E consigo afirmar-me (mais) forte.

O peso dos anos abranda-me o peso da Vida.


E o que pensam deixa de me importar.
E o que possam ver cessa de me insoniar.

Caminho, então, mais leve.

O peso dos meus anos resgata-me.
Desembaraçando-me do peso que esta Vida (tolamente) sempre teve.

5 de setembro de 2008

Em...

... criança desenhava simetricamente.
Formas geométricas perfeitas e equilibradamente distribuídas numa folha de papel.
Concêntricas e organizadas.

Na adolescência e na faculdade, comecei a apreciar (e a desenhar) o abstracto.
Formas disformes, cores antagónicas, sentidos despertos, conteúdo ausente.
Descentradas e desorganizadas.

Sem perceber muito bem porquê, reconheço falta de ordem no (meu) mundo.
Sem conseguir explicar como, aprecio a anarquia intrínseca de um punhado de cores e de uma mancheia de traços aleatórios.

Neles revejo cansaço e desânimo.
Neles encontro energia e paixão.

Neles não há beleza, nem fealdade.
Apenas gesto, força, vontade...

(boas férias para mim :))

4 de setembro de 2008

Tenho...

... de fugir dele.

Do que (me) provoca.
Do que me prejudica.

Para ele, sou apenas comodidade, artigo de necessidade.
Mas sigo-o porque sou, do mesmo fruto, as duas metades.

Por isso, tenho de fugir.
(talvez não dele mas de mim)

Não porque não queira acompanhá-lo.
Mas porque tenho medo de não querer mais deixá-lo.

3 de setembro de 2008

Dou atenção...

... aos elogios errados.
Gosto de ser apreciada por aquilo que não tem valor nenhum.
Acredito que só tenho um talento.
E é nesse campo que nunca quero deixar(-me) mal.
E percebo que me moldo a essa imagem.
Que permito (e imponho) que me vejam (só) assim.
Sou loura com medo de mostrar a raíz escura.
Actriz que nunca despe a pele da personagem.
E restrinjo-me ao que mostro e confino-me ao que dou.
E reduzo-me ao que valho e limito-me ao que sou.

2 de setembro de 2008

A criança...

... de 10 ou 12 anos, pequena e miúda, caminhava à minha frente quando parou, encostando-se à parede.
Só aí reparei nela.

Olhar de 'matadora' que dirigiu a um rapaz com o dobro da sua idade.
Top curto e decotado.
Calças de cintura tão descaída que mostravam o seu baixo ventre (e um pouco mais) e o início do seu traseiro infantil (mesmo estando de pé)...
... e a pose "Faz-me!" de uma prostituta de 30.

Chocou-me, admito.

Tenho 36 anos e ainda me debato com dilemas morais arraigados de infância.
Mas não os (pres)sinto nos jovens que observo.
O sexo é primazia... 'garantia de qualidade'.
E, cada vez mais descarado, é também cada vez mais precoce.

E isso, feliz ou infelizmente, não deixa de me chocar...

1 de setembro de 2008

Nada (me) chega!

Tudo (me) sabe a pouco.
Há sempre algo que (me) falta.

Qualquer coisa por fazer... por dizer.
Qualquer coisa por ouvir... por receber.

E nada chega.
Tudo é insuficiente.

Quero mais... preciso de tudo!
Empanturrar-me de mimos e atenções.
Fartar-me de carinho e emoções.

E, mesmo assim, vou achar pouco.
E o meu corpo permanecerá oco.

Porque sou buraco negro, sugando alimento.
Mas sou poço sem fundo, escoando sustento.

29 de agosto de 2008

Ele...

... tem uma insegurança quase infantil.
Uma necessidade de se afirmar que tenta, mal ou bem, disfarçar.

Ele tem de se mostrar.
Provar que o acham bom.

E fá-lo ingenuamente.
Apenas pedindo atenção.

Raramente o sinto homem.
Vejo-o sempre menino.

Com ele, não sou mulher.
Apenas apoio, arrimo.

28 de agosto de 2008

Surgiu...

... há coisa de 3 semanas, no café onde vou todas as manhãs (de Agosto).
E agradou-me a possibilidade de o ver regularmente... pelo menos durante um mês.


Olhou-me como gosto de ser olhada.
Sem disfarces, sem pudor.

Olhei-o apenas como fui capaz.
Sem defesas, com rubor.

Hoje surgiu de novo... acompanhado.

Senti que me olhou ainda.
Não o olhei.

27 de agosto de 2008

As boas conversas...

... são como requintadas refeições completas.

Começam com uma entrada deliciosa que nos deixa com água na boca, incitando-nos a continuar, imaginando o que virá a seguir.

Depois presenteiam-nos com vários pratos principais, substanciais e suculentos, (pre)enchendo-nos o corpo e saciando, em grande parte, vícios de apetites e gula.

Mas há sempre um cantinho que queremos reservar para a sobremesa... acreditando que será sublime, perfeita!
Há sempre a ilusão de esperar a cereja que enfeita o bolo.

E é sempre uma decepção comer uma sobremesa que compromete toda a refeição...

26 de agosto de 2008

Para quê...

... falar se não podemos ouvir?
Para quê prometer se não podemos cumprir?

Detecto cansaço, alguma impaciência.
Ausculto frieza, reserva, indiferença.

Trai o que se diz para atrair.
Afasta-se quando se quer seduzir.

Para quê fingir que a vida é boa assim?
Para quê tentar se já sabemos o fim?

25 de agosto de 2008

Olha que dois...

Ele:
"Acho que cada vez menos consigo estar comigo mesmo"

Eu:
"E eu parece que cada vez mais não consigo estar com outras pessoas"

22 de agosto de 2008

Sou assim...

... e acredito que não sou a única.

A minha pele arrepia-se com...
... finais triunfantes.
... o aplauso sentido e unânime.
... o orgulho profundo em alguém querido.
... a emoção da vitória intensamente sentida.

E os meus olhos enchem-se de lágrimas...
... na vénia que faço à humildade.
... no respeito comovido pelo mérito.
... no silêncio que reservo para ouvir o Hino.
... na união de vozes a cantar em uníssono.

É assim na Luz com as "(...) papoilas (...)" e o vôo da Vitória.
É assim em cada golo e no grito único entoado a mil vozes.
É assim em cada espectáculo grandioso e inesquecível.

E é sempre assim em todas as demonstrações do quão grande ainda consegue ser Portugal.


Tinhas razão, Vanessa, foi mesmo "ouro sobre azul".

Aliás, foi o nosso melhor Ouro somado à nossa melhor Prata!



Parabéns e Muito Obrigada, Portugal!

21 de agosto de 2008

De quando...

... em vez, fazes-me lembrar (d)ele.
E não gosto.

O mesmo distanciamento.
O mesmo desapego.
A mesma indiferença.

A mesma atitude egocêntrica.
De quem passa mas nunca pretende ficar.
De quem perturba mas nunca se deixa afectar.

Mas, tal como a ele, não te consigo parar.
E, tal como dele, não me consigo afastar.

20 de agosto de 2008

É a insegurança...

... que te faz falar assim, eu sei.

É o medo de seres de menos que te impele a ser (de)mais.
É a vergonha de não seres tanto que tentas vender em brilhos.

Mas é a (in)certeza do que vales que te transformou em quem és.
E o desejo imbecil de ofuscar que te fez desagradável e rude.

Quando me mentes, finjo que acredito.
Se queres assombrar-me, abro os olhos de espanto.

Mas de tanta perfídia, reservo distância.
E a esta distância... percebo-te só.

18 de agosto de 2008

Por vezes...

... os astros confluem.
E fazem-nos convergir, curiosa e paralelamente, sem nos tocarmos...

Este fim de semana, tinha admirado as fachadas que construímos.
As mentiras que vendemos por acreditarmos nelas.
As máscaras que colocamos para brilhar... e vencer.

E tive a certeza "Eu não sou assim!".

Só que, depois, veio o B. e disse:
"Tenho uma boa ideia da tua essência e não é aquela que desenho quando leio o teu blog. Não estou a dizer que o que leio é pior ou melhor do que acho que tu realmente sejas... é diferente"

E, mais tarde, o P. atirou mais lenha para a fogueira quando afirmou:
"Talvez haja uma relação entre o conteúdo do blog e o estado de espírito de quem por lá passa e sente o tal "aconchego". O aparecimento de uma nova relação (seja de que tipo for) numa altura menos boa, pode facilmente levar ao afastamento, ruptura, ou a uma aproximação pelos motivos errados. Juntas esta última com o teu blog e tens mel!"

E, nessa altura, ponderei:
"Talvez eu seja assim, afinal..."

14 de agosto de 2008

Chego...

... a ter medo de mim.
Sou um perigo (só) para mim própria.

"Vales cada Km da viagem..."
E eu logo a querer que ele venha.

"Nunca tive ninguém como tu"
E, enlevada, toda eu a acreditar.

Há quem bata com a cabeça em esquinas, tropece em degraus que não vê, caia em buracos que não distingue.

Já eu vejo as esquinas que me ferem... mas vibro com a dor que me provocam.
Percebo os degraus que me derrubam... mas anseio pela adrenalina da queda.

E conheço o fundo dos buracos que me engolem... mas é (apenas) o seu perigo que me dá prazer.

13 de agosto de 2008

A espera

Sinto-me à espera.
Sento-me, aguardo.

Não sei bem do quê.
Não sei bem de quem.

Mas espero que chegue.
Aguardo que venha.

Sento-me, aguardo.
Mas sei que é em vão.

Sinto-me à espera.
Em tola ilusão.

12 de agosto de 2008

Que situação!

Não atendo os seus telefonemas.
Respondo mais tarde e só por mensagem.

Evito lembrar-lhe que existo.
Fujo a encontros, 'acasos' e outras 'coincidências'...

Não deixo de ser 'simpática', não perco a educação.
Mas já não coloco 'smileys' nas SMS's, nem 'Bjs' como conclusão.

Ainda assim, volta à carga.
Insiste, liga outra vez.
Quer ver-me, falar comigo.
Já não sei o que fazer!

Que diabo, não entende??
Será apenas solidão?
E não poder ser frontal...
Oh, meu Deus, que situação!

11 de agosto de 2008

Meu menino

Ainda te sinto menino.
Ainda te quero embalar.

Não me arrependo de nada.
Sei que não quero voltar.

Mas ainda me banho em carinho.
Quando me falas, menino.

8 de agosto de 2008

Queres...

... um colo que te abrigue.
Num peito que te consuma.

Um coito que te mantenha a salvo.
Num coito que não te consiga aplacar.

Queres a brisa suave do Outono num olhar.
E o suor desabrido do Verão a pulsar.

Queres a emoção constante, renovada num só ser.
E a paz serena, imperturbável, recuperada em cada beijo.

Sei o que queres, sinto o que sentes.

A fome implacável que corrói o teu ventre.
O clamor silencioso sepultado no meu peito.

7 de agosto de 2008

Estou...

... nervosa, inquieta.
Perturbada, irrequieta.

Quero-te aqui, agora!
À distância de uma hora.

Quero-te meu, disponível!
Fantasia exequível.

Mostra-te, mostra-o, desejo patente!
Toca-me, toma-me, intuito evidente.

Mas vem,
Toca-me,
Toma-me!

E sossega-me,
Aquieta-me...

6 de agosto de 2008

Já não é...

... a primeira vez que leio, ouço ou comprovo a ideia de que é fácil para um homem encontrar uma mulher que o 'acenda'.
O que lhes parece difícil é descobrir uma que os desafie intelectualmente... uma com quem percam a noção do tempo apenas a conversar.

Não posso falar por todas as mulheres mas eu...
... já conheci (muitos) homens inteligentes que nunca conseguiram 'acender-me'.
... já me senti intelectualmente estimulada (muitas vezes) sem sentir qualquer outro tipo de 'calor'.
... já me esqueci do tempo embrenhada em (muitas) conversas que nunca tiveram nenhum fim mais 'escaldante'.


Não posso falar por todas as mulheres mas a mim...
... o que me parece difícil é descortinar alguém que me incendeie!

5 de agosto de 2008

Não me considero...

... nenhuma especialista em moda.
Bem pelo contrário!
Tenho roupa com centenas de anos e consigo vestir o que gosto até puir e romper.
Por esse motivo, raramente estou in... e isso pouco me importa.

Mas gosto de olhar para as pessoas.
Para o que vestem, como se enfeitam.
Gosto de apreciá-las, perceber a sua atitude.
Notar a forma e a cadência com que andam.

Observo os gordos que não sabem (nem querem) esconder que o são.
Contemplo os magros que não sabem (nem querem) disfarçar que o são.
Vejo óculos escuros enormes que tapam os olhos e as caras de quem atrás deles se esconde.
Examino cabelos pós modernos, estilos vanguardistas, roupa do último grito.
Julgo outros como eu... parados noutra década... noutro século.

E percebo os que fogem e os que fingem.
Os que se escondem e os que se exibem.

E distingo os que vivem para serem olhados.
E os que olham para aprender a viver...

4 de agosto de 2008

Há dias assim...

... em que tudo parece correr bem.
Horas em que tudo parece compor-se.
Minutos em que um pormenor estúpido me prova que estou viva.

Dias que, pela sua raridade, degusto com prazer.
Horas que, por serem curtas, curto com singularidade.
Minutos que, de tão fugazes, agarro com intensidade.

Há momentos assim...

... em que agradeço as pessoas que comigo se cruzam...
... e a vida que, sem saberem, conseguiram oferecer-me.

1 de agosto de 2008

Todos os sonhos...

... me parecem mais belos antes de os realizar.

Todos os 'antes' me embalam e estimulam.
Todas as antecipações me deliciam e incitam.

Mas os 'depois' não são tão esplêndidos.
Os acordares não são tão belos.

Todas as vontades se esgotam quando saciadas.
Todos as ilusões desabam quando implodidas.

Todos os anseios empalidecem ao sol.
E todos os sonhos se exaurem quando findos.

31 de julho de 2008

Eu adio!

É o que faço.
É quase o que sou.
"Aquela que adia"

Adio obras e decisões.
Adio actos e opiniões.
Adio vida e alterações.

Se me dão espaço, adio.
Se me dão tempo, protelo.

Se não me esforço, adio.
Se não me obrigo, prorrogo.

Avanço apenas por despacho.
Decido apenas por petição.

Mas se puder, adio... sempre.
Porque adiar é quase tudo o que faço.
Porque adiar é tudo aquilo que sou.

30 de julho de 2008

Já comecei...

... por várias vezes, um texto sobre as agruras de se ser do Benfica nos dias que correm.
Depois leio outros textos em outros blogs e recuo.
Não acrescentaria nada, não conseguiria dizê-lo melhor.

Hoje ao pequeno-almoço, 'masculinamente' lia o Record (de ontem) esquecido na mesa do café, o qual me tinha atraído pelo sugestivo título "Quique faz razia".
Petit (o quê?!?!), Katso (parece que não quer ficar :(), Makukula (já vai tarde :P), Cardozo (há jogadores que não têm mesmo sorte no Benfica), Jorge Ribeiro (então mas este não o comprámos esta época?! (coisa que, aliás, não me trouxe felicidade nenhuma)), Nuno Assis (ooooohhhhh), Luís Filipe (yupiiiiiiiiiiiii!!!!!), Bynia (por Luís Garcia?)...
A lista é interminável... já nem sei quem serve de moeda de troca com quem, quem quer sair ou quem está, pura e simplesmente, a ser chutado para escanteio.

É impossível parar de torcer.
Nunca se deixa de sofrer.

Mas chega a apetecer, por uns tempos, ir enterrar-me em algum buraco e esquecer.

(bem, pelo menos, sempre tenho uma desculpa para pôr aqui uma foto do nosso novo treinador... continuo a achar que não é muito fotogénico mas gosto de o ver em movimento... eheheh)

29 de julho de 2008

Toda a Verdade

É de (bom) senso comum.
É melhor guardar alguns segredos.

Não convém revelar o que é irrelevante.
Ou, pelo menos, o que não traz nenhum benefício.

É de resistir à tentação de dizer tudo.
Vencer o impulso de descerrar todos os recessos.

É mais sensato ter um último reduto... inexpugnável.
Uma câmara de horrores protegida do mundo... para não o intimidar.

A Verdade... toda ela... é inútil, imprestável.
A Verdade... toda ela... é passado, perfeitamente olvidável.

A Verdade... toda ela... só a nós parece importar.
A Verdade... toda ela... em nós devemos calar.

28 de julho de 2008

Fico...

... deveras preocupada quando penso na teoria que defende que os cães adoptam a personalidade dos seus donos.

É que a Maria está cada vez mais desconfiada, mais teimosa, mais ansiosa, mais independente, mais atrevida, mais 'respondona', mais arisca, mais autoritária e sempre, sempre muito senhora do seu nariz...
... e eu detesto pensar que é por minha causa!!

Aliás, o que eu não gosto mesmo é de perceber que sou eu que sou assim...

25 de julho de 2008

Sem me dar conta...

... reparo que continuo a gostar do teu tipo de homem.
Moreno, franzino, gaiato.

Mesmo quando me ultrapassam em idade.
Mesmo se não me olham, nem me querem.
Mesmo se me preteriram ou abandonaram.

Os meus olhos ainda te seguem noutros corpos.
Os meus sentidos despertam em sósias teus.

Sem me dar conta, reparo que continuo a gostar do teu tipo de homem.
O tipo de homem que nunca pôde ser meu.

24 de julho de 2008

Que vontade...

... imediata de embarcar na sua onda.
"Posso ficar contigo?" e eu agito-me em antecipação.


Salvo-me pelo medo do seu ímpeto.
Protejo-me por receio do seu desejo.

Mas é o seu ímpeto que me prende.
E o seu desejo que me estimula.

Fujo por receio de punição.
Escondo-me por medo da perdição.


Mas é a sua vontade que me chama.
E o seu apelo que me dá...

23 de julho de 2008

Escrever...

... é fácil quando me limito a descrever o que sinto.


Difícil é policiar-me para não revelar o que não posso.


Impossível é escrever o que não vivo.

22 de julho de 2008

Os nervos...

... saem-me pela pele.

Emergem em calores e suores.
Rebentam em rosácea e impigens.

Expulso-os em eczemas atópicos.
Seco-os com cremes e cuidados.

Os meus nervos não se revelam na voz.
Ouvem-se na pele como que bradando.

Não se detectam na atitude.
Percebem-se na pele como que estrebuchando.

Não se lêem no olhar.
Vêem-se na pele como que transbordando.

A minha pele manifesta-se, denunciando-me.
E quando a minha pele me expõe, percebo que, por baixo dela, me quebro.

21 de julho de 2008

Falo...

... como se o que digo não importa.
Ouço-me e apresso velozmente o silêncio.

Falo na ânsia de ser ouvida.
E assim mesmo nem eu consigo escutar-me.

Falo por mim mas não para outros.
E eles fingem mas não me ouvem...

... apressando a minha pressa de silêncio.

4 de julho de 2008

2 de julho de 2008

Porque...

... não pode ser mais simples?
Porque tem de haver perturbação?

Porque não pode ser um crescendo de emoção?
Porque tem de haver desilusão?

Porque não pode ser momento eternizado?
Porque tem de haver sempre um adeus decepcionado?


Porque não posso acreditar?
Porque tenho sempre de sonhar?

1 de julho de 2008

Ela...

... está doente.
Com uma daquelas doenças que evitamos pronunciar o nome... talvez com receio de que nos venha bater à porta um dia.

Ela está doente e eu ainda não a vi desde que sei.
Falámos apenas e quis acreditar que tudo estava prestes a passar.

Ela é uma amiga querida e eu não consigo dar-lhe a mão.
Ela está doente e eu não sei lidar com esta situação.

30 de junho de 2008

Weekend leftovers

Estive com eles este fim de semana.
Os amigos bem sucedidos e socialmente bem integrados.
Os amigos bem casados e com filhos bem criados.
Os amigos economicamente desafogados e planos de vida cumpridos.

Estive com eles este fim de semana.
A amiga que não encaixa porque desordena o número par.
A amiga que não combina porque é diferente e se isolou.
A amiga que destoa porque se furou e tatuou.

Estivemos juntos este fim de semana.
Os amigos que, em comum, têm unicamente a sua história.
Os amigos que, de tão díspares, mutuamente se perturbam.
Os amigos que, de tão opostos, mutuamente se fascinam.

Estivemos juntos este fim de semana.
Os amigos que, against all odds, conseguem manter-se próximos.
Os amigos que, apesar dos pesares, conseguem continuar amigos.

27 de junho de 2008

Gosto de escrever...

... para pessoas inteligentes.

Gosto de misturar português e inglês e saber que me vão compreender.
Gosto de fazer trocadilhos e ter a certeza de que me vão saber ler.

Gosto de deixar frases a meio e crer que as vão conseguir completar.
Gosto de usar meias palavras e ser lida nas entrelinhas.

Gosto de não ter de explicar o que escrevi.
Gosto de não ter de me esforçar para que percebam que brinco.

Gosto de escrever.
Gosto que me saibam ler.

Gosto que me leiam.

26 de junho de 2008

Os espartilhos...

... em que me apertei constrangem-me.
Impedem-me de respirar.

O colete de força que vesti oprime-me.
Rouba-me vida e liberdade.

Quero correr e detenho-me.
As grilhetas magoam-me.
A coleira estrangula-me.

Vou ficando.
Tenho de ficar.

Não posso ir.
Impedi-me de partir.

24 de junho de 2008

Ela está...

... em depressão profunda.
E todos estamos extremamente preocupados.
Vemo-la no elevador, cruzamo-nos com ela nos corredores.
Apática, sorumbática... desleixada.
E todos tememos o pior.

Acredita firmemente que um homem a salvaria.
"Um namorado", nas suas palavras.
Uma Paixão que a ensinasse a viver.
Um Amor que a tornasse igual.

Lembrei-me dela quando me perguntaste:
"Então não te sentes bela? Terás de esperar pelo dia da metamorfose… será uma palavra? Uma imagem? Um homem? Uma mulher? Um povo? Um país? Será a morte? Ou serás tu???"
e te respondi sem hesitar:
"Serei eu, sem dúvida!"

Não há homem que a salve.
Nem homem que me transforme.

Não há homem que a molde.
Nem homem que me recrie.

Somos lagartas inertes.
Incapazes de nos arrogarmos borboletas.

E enquanto assim for...
... não há milagre para ela...
... nem saída para mim.

23 de junho de 2008

"Acaba...

... com o teu blog!" disse-me ele, com decisão.
"Apaga-o... não guardes nenhuma lembrança!"
"Não te prendas, não te agarres ao que passou."
"Não relembres, não remoas, não relates."

Pensei que seria incapaz de o fazer.
Terminá-lo, sim... já o pensei várias vezes.
Mas apagá-lo?!
Fingir que nunca tinha existido?!

São as tais prisões que me detêm.
Das quais até posso fugir...
... mas que sou incapaz de esquecer.

20 de junho de 2008

Triste dia...

... para fazer esta festa.
Mas, para o bem ou para o mal, foi assim que aconteceu.


Mesmo tendo descoberto que o Diário tinha sido incluído no Bloganiversario (não sei bem como nem porquê) e mesmo tendo as festas do vizinho e da vizinha para me alertar para o facto, o que é certo é que, assim mesmo, me esqueci de soprar as velinhas aqui do burgo.


E já são 4!
'Tá um crescido este meu blog...

Parabéns atrasados, Diário! :)

19 de junho de 2008

Elas...

... são vistosas e alegres.
Seguras e atraentes.

Na ponta da língua, têm sempre boa resposta.
Com malícia saudável, divertem e dispõem bem.

Eu apago-me e observo.
Na sua sombra, desvaneço.

Insistem que sou eu que não quero brilhar.
Que a substância existe mas que não lhe sei dar forma.

Não vêem que somos diferentes.

Que nem todos podemos ser dia.
Que todo o dia tem uma noite.
Que toda a noite tem um luar.

Não vêem que precisam de mim.

Que toda a estrela precisa de um palco.
Que todo o palco exige um público.

Não percebem que preciso delas.

Que toda a penumbra precisa de um Sol.
E que todo o silêncio exige um grito.

18 de junho de 2008

O dia...


... lindo gritava-me: "Vem!"
Quis sair e dizer-te: "Vem comigo..."

Porquê esperarmos pela noite que nos ocultará os rostos?
Porquê escondermo-nos em sombras que nos cobrirão os olhos?

Vamos... agora.
Deixa-me ver-te.

O dia lindo gritava-me: "Toca-me!"
Quis falar-te e pedir-te: "Toca-me também..."

Porquê deixarmos definhar corpos e vontade?
Porque nos prendemos em teias e apatia?

Sente-me... agora.
Faz-me voar.

O dia lindo gritava-me: "Vem, toca-me... vive-me!"

E eu não fui capaz de te dizer:
"Vem comigo, toca-me também...
... quero viver contigo este dia lindo"

Presa em apatia, vontade enleada.
Corpo extenuado, sempre o mesmo fado.

17 de junho de 2008

A tua falta

Não gosto de sentir a tua falta.
Nem lembrar como sabes fazer-me rir.

Não gosto de perceber que te desejo mais perto.
Nem de pôr a hipótese de te chamar a mim.

Expulso do peito o aperto sempre que penso em ti.
E repito que só o sinto porque estou só.

Mas lembro-me de ti e sinto a tua falta.
Penso em ti e lamento não saber querer-te.

E o meu semblante nubla-se porque sei que gosto de ti.

16 de junho de 2008

Falta-me...

... paciência para a lamúria alheia.
Acho-a indigente e lamechas, inapropriada e escusada.

Dou força e tento mostrar que é inútil.
Digo que é só uma fase.
Acredito que tudo vai melhorar.

Vejo que é tolo não agradecer o sol.
Que é cego não querer sorrir.
Que é cansativo não tentar viver.

Se o vejo nos outros,
Porque a tolero em mim??

6 de junho de 2008

Acho graça...

... ao jeito como me elegeu para sua confidente.
Sorrio com a forma descomplexada como se abre comigo.

Conta-me coisas que, provavelmente, não diz a mais ninguém.
Revela-me segredos que talvez devesse guardar só consigo.

Respondo-lhe, deixando-o maioritariamente desabafar.
Aconselho-o como se de um filho se tratasse.

Quer que eu lhe diga o que deve fazer para deixar de sofrer.
Tal como alguns que aqui vêm ao engano, pergunta-me quanto tempo dura o Amor.

E eu sorrio, uma vez mais.

Porque pensará ele que eu sei?
E porque receio dizer-lhe "Para sempre..."?

3 de junho de 2008

"E tu? Para onde vais?"


Não sei para onde vou.
Não reconheço o sítio onde estou.

Invejo os que por mim passam, com decisão.
Observo os que avançam sempre, com precisão.

Maldigo os que me (ultra)passam, sem cerimónia.
Lastimo a minha inaptidão e parcimónia.

Não sei para onde vou.
Mas sei que não quero continuar onde estou.

2 de junho de 2008

Sempre achei...

... que, se partisse, ninguém sentiria a minha falta.
Facilmente seria substituída.
Rapidamente seria esquecida.

Sempre confirmei que, quando parto, ninguém me chora.
Facilmente se reformam.
Rapidamente se conformam.

Essa certeza rouba-me sensibilidade.
Esse saber dá-me inflexibilidade.

Assim nunca me custa(rá) avançar.
Assim parto (sempre) sem me preocupar.

30 de maio de 2008

É...

... a vontade irresponsável de me sentir encurralada.
O desejo inexplicável de me ver sem alternativa.

O sonho imbecil de que assassinem esta vida.

Não para que fique morta...
... mas para que possa, enfim, renascer.

29 de maio de 2008

Agora...


... escrevo sem emoção.
Desprovi as palavras de alma.

Agora nada me toca.
Esvaziei sentidos e coração.

Mas agora que nada sinto, sinto que esse nada é tudo.

Ai a dor de nada sofrer.
Ai o sofrimento de não ter nada por que viver.

28 de maio de 2008

A cepa torta

Sou uma pessoa inteligente.
(por vezes, até demasiado para meu próprio bem...)

Straight A's student.
Profissional dedicada e diligente.
Pessoa educada e de bom trato.

Nunca me imponho, respeito.
Nunca litigo, aceito.

Mas se não me imponho, não brilho.
E se não litigo, não vingo.

E a cepa não se endireita...

27 de maio de 2008

Recordo-me sempre...

... do riso que partilhávamos quando concordávamos que só atraías "gente doida".
Eram os malucos que falavam contigo como se te conhecessem ou os que te seguiam até te conseguires esconder em algum lado.
Ainda hoje tens sempre uma peripécia engraçada para contar, uma situação que, de tão inverosímil, só poderia mesmo ter-se passado contigo.

Já eu sempre senti que era o meu próprio desequilíbrio que fascinava os menos equilibrados.
E talvez seja o meu 8 e 80 que continua a atrair os dois lados da moeda.

Porque a serenidade é difícil de alcançar, a progressão natural de alguns acontecimentos, sem pressas, nem precipitação, não parece estar, aparentemente, ao alcance de todos.

Pelo menos, pelos vistos e até agora, não parece estar ao meu...

26 de maio de 2008

Acho que...

... nunca vou entender uma relação baseada na falta de respeito e admiração pelo respectivo parceiro.
Não atinjo o prazer do sentimento de superioridade em relação à pessoa que nos acompanha.

Porque havemos de nos sentir bem por nos acharmos melhor do que alguém que consideramos inferior?

Porque não regozijamos antes por ser tão bons como o melhor que nos escolheu?