30 de setembro de 2008

Deve ser...

... normal.

Ter estas fases em que nada mais parece existir do que o vai e vem contínuo "casa-trabalho, trabalho-casa"... mas aceitar esse facto sem grande reclame.
Ter esta sucessão de dias em que acordo quase de madrugada e chego a casa já de noite... e mesmo assim sorrir com vontade durante o dia.
Ter estes (longos) períodos em que as suas provocações continuam a agradar-me... sem que, no entanto, consigam convencer-me.
Ter esta preguiça que me impede de fazer tudo o que me roube tempo e/ou descanso... mas raramente lamentar o que perco.
Ter estas travessias de deserto em que tudo parece árido, pálido e aborrecido... mas continuar a descobrir conforto em mim própria.
Ter esta sensação de 'dejá'-sentido, 'dejá'-feito, 'dejá'-passado... mas não me esforçar por reatar, renovar, reaprender, voltar a tentar.

Deve ser normal, digo eu.
Deve ser normal...

25 de setembro de 2008

É a tua mão...

... que tenta amparar-me, eu sei.
Com o cuidado e o desvelo que te adivinho.

Queres ser a rede que me retire deste mar.
O escudo que me proteja nesta terra.

Mas eu sinto que só vivo neste livro.
E acredito que definho noutra guerra.

E sou meu próprio carrasco.
O meu próprio carcereiro.

Sempre ingrata, os tesouros renegando.
Que esta vontade me condene... sempre receando.

24 de setembro de 2008

Incongruências



Não acredito na perfeição.


Mesmo quando sonho com ela...

23 de setembro de 2008

Ele tem...

... 34 anos.
E domina o Mundo!

Atingiu rapidamente o topo da carreira na empresa onde se encontra.
E agora foi 'recrutado', sem nem sequer se ter candidatado, por uma das maiores empresas concorrentes.

Ele é inteligente e perspicaz.
Ele é jovem, bem parecido e capaz.

O dinheiro já lhe veio do berço.
E acumula casas, troca de carro, sem o menor apego.

Comprou 2 cães (de raça, evidentemente!) que ainda mantém.
Teve 2 mulheres... que não conseguiram prendê-lo tão bem.

E está cansado... mentalmente exausto.
Ele que domina o Mundo... aos 34.

22 de setembro de 2008

Às vezes...


... gostava de voltar a falar-lhe.


Mas seria apenas para lhe dizer todas as verdades que engulo mas que acho que continua a precisar de ouvir.

19 de setembro de 2008

A pergunta do dia

Hoje, naqueles jornais gratuitos diários, a pergunta do dia era qualquer coisa do género:
"Se pudesse largar tudo, o que faria em primeiro lugar?"

Das três respostas recolhidas, surgiram coisas tão diferentes como:
"Rezar"
"Viajar"
"Dormir"

Matutei, matutei.
E, até agora, ainda não sei o que responderia...

18 de setembro de 2008

De um modo geral...

... não gosto de surpresas.
Boas ou más, tanto faz.

Não me deixo desarmar por uma flor ou um ramo delas.
Não me comovo se me dedicam uma música ou mesmo se a cantam para mim.

Não me conquistam grandes aparatos.
Não me arrebata muito espectáculo.

Não me tocam com prendas, nem palavras.
Não amoleço com lisonjas, nem patranhas.

Mas endureço (sempre) se a surpresa é má.
E ganho outros melindres se fui eu que a destapei.

E arrefeço muitas vezes com a verdade.
Não porque não a tenha desejado...
... mas apenas porque chegou tarde.

17 de setembro de 2008

Opinião

O que é verdadeiramente triste é uma equipa que está em crise na Liga Espanhola dar um banho de bola a uma candidata ao título da Liga Portuguesa.

[E é de mim ou o Miguel Veloso derrapou definitivamente para o extraordinariamente parolo?! E eu que já achei tanta piada ao moço...]

16 de setembro de 2008

São exemplos...

... que me inspiram, é verdade.

Aqueles que me dizem que devo estar grata pelo tanto que tenho.
Os que me obrigam a reconhecer que, de facto, nada sofro.
Os tantos que evidenciam que pouco (ou nada) me falta.

E, nessas alturas, decido-me a ser feliz.
Assim, simplesmente.

Porque, afinal, faz todo o sentido que assim seja.
É isso mesmo!

Vou fazer as tais listas.
E olhar para elas todos os dias.

Tudo pelo qual estou grata.
E todos os objectivos que gostaria de alcançar.

Mas não morrerei se algo ficar pelo caminho.
Se o Universo não me der tudo o que peço.

E o que vou pedir primeiro é aprender a viver assim.
Sem exigências, com gratidão, apaixonada por mim!

15 de setembro de 2008

O peso dos anos...

... alivia-me o peso da Vida.

Agora, aceito que não sou (ou tenho de ser) perfeita.
E arrisco mais sem vãs vergonhas.

Agora assumo poder e coragem.
E consigo afirmar-me (mais) forte.

O peso dos anos abranda-me o peso da Vida.


E o que pensam deixa de me importar.
E o que possam ver cessa de me insoniar.

Caminho, então, mais leve.

O peso dos meus anos resgata-me.
Desembaraçando-me do peso que esta Vida (tolamente) sempre teve.

5 de setembro de 2008

Em...

... criança desenhava simetricamente.
Formas geométricas perfeitas e equilibradamente distribuídas numa folha de papel.
Concêntricas e organizadas.

Na adolescência e na faculdade, comecei a apreciar (e a desenhar) o abstracto.
Formas disformes, cores antagónicas, sentidos despertos, conteúdo ausente.
Descentradas e desorganizadas.

Sem perceber muito bem porquê, reconheço falta de ordem no (meu) mundo.
Sem conseguir explicar como, aprecio a anarquia intrínseca de um punhado de cores e de uma mancheia de traços aleatórios.

Neles revejo cansaço e desânimo.
Neles encontro energia e paixão.

Neles não há beleza, nem fealdade.
Apenas gesto, força, vontade...

(boas férias para mim :))

4 de setembro de 2008

Tenho...

... de fugir dele.

Do que (me) provoca.
Do que me prejudica.

Para ele, sou apenas comodidade, artigo de necessidade.
Mas sigo-o porque sou, do mesmo fruto, as duas metades.

Por isso, tenho de fugir.
(talvez não dele mas de mim)

Não porque não queira acompanhá-lo.
Mas porque tenho medo de não querer mais deixá-lo.

3 de setembro de 2008

Dou atenção...

... aos elogios errados.
Gosto de ser apreciada por aquilo que não tem valor nenhum.
Acredito que só tenho um talento.
E é nesse campo que nunca quero deixar(-me) mal.
E percebo que me moldo a essa imagem.
Que permito (e imponho) que me vejam (só) assim.
Sou loura com medo de mostrar a raíz escura.
Actriz que nunca despe a pele da personagem.
E restrinjo-me ao que mostro e confino-me ao que dou.
E reduzo-me ao que valho e limito-me ao que sou.

2 de setembro de 2008

A criança...

... de 10 ou 12 anos, pequena e miúda, caminhava à minha frente quando parou, encostando-se à parede.
Só aí reparei nela.

Olhar de 'matadora' que dirigiu a um rapaz com o dobro da sua idade.
Top curto e decotado.
Calças de cintura tão descaída que mostravam o seu baixo ventre (e um pouco mais) e o início do seu traseiro infantil (mesmo estando de pé)...
... e a pose "Faz-me!" de uma prostituta de 30.

Chocou-me, admito.

Tenho 36 anos e ainda me debato com dilemas morais arraigados de infância.
Mas não os (pres)sinto nos jovens que observo.
O sexo é primazia... 'garantia de qualidade'.
E, cada vez mais descarado, é também cada vez mais precoce.

E isso, feliz ou infelizmente, não deixa de me chocar...

1 de setembro de 2008

Nada (me) chega!

Tudo (me) sabe a pouco.
Há sempre algo que (me) falta.

Qualquer coisa por fazer... por dizer.
Qualquer coisa por ouvir... por receber.

E nada chega.
Tudo é insuficiente.

Quero mais... preciso de tudo!
Empanturrar-me de mimos e atenções.
Fartar-me de carinho e emoções.

E, mesmo assim, vou achar pouco.
E o meu corpo permanecerá oco.

Porque sou buraco negro, sugando alimento.
Mas sou poço sem fundo, escoando sustento.