27 de abril de 2007

Naquele tempo...

... dizia que eu não era livre.
Preocupava-se por me prender.

Eu assegurava-lhe o contrário.
Que o meu tempo eu oferecia a quem queria.
E que se quisesse outro alguém, o que existia entre nós não me impediria.
Mas sempre impediu.
E eu não sabia.

Hoje digo-te o mesmo.
Sinto que te prendo... que me esperas.

Fui feliz depois dele.
Sei que também o serás...
... quando me deixares ir.

26 de abril de 2007

Distâncias

É realmente estranha a vida.

Quando estamos juntas parece sempre que o tempo não passou.
Não há desconforto pelas ausências prolongadas.
Os risos são os mesmo de quando estávamos no liceu.
Os vossos filhos são agora factor de união em vez de escavarem um fosso ainda maior na diferença das nossas vidas.
E tudo isso é (tão) bom.

Já convosco...
Vivemos paredes meias, privamos diariamente.
Mas o silêncio é pesado, a distância é imensa.
Um passo é a travessia de um abismo.
Uma palavra é um grito no vácuo.

Convosco, na ausência, não há lembrança.

Com elas, a ausência é lembrança e a presença, saudade.

24 de abril de 2007

Maneiras

A minha boa educação é, muitas vezes, confundida com doçura.

O meu cuidado em ser gentil, em não ferir é tomado como bom feitio e suavidade de carácter.

A facilidade com que (sor)rio, a prontidão de um cumprimento, a vontade de agradar, a sinceridade dos meus elogios são encaradas como brandura e ternura de modos.

Mas este verniz também estala... amiúde.

Pisam-me os calos e grito.
Se me maltratam, riposto.

Invadem-me e protesto.
E se me magoam, mato... em mim o que fizeram... e nos outros o que lá deixei.

23 de abril de 2007

Não há nada...

... tão influente como uma atitude inspiradora!

Mais importante do que nos é dito é o modelo real de um comportamento e de uma postura perante a Vida e os Outros.

Mas, toma cuidado.
Por vezes é tão mais fácil seguir um mau exemplo...

20 de abril de 2007

As pessoas...

... são como as frutas.

Umas naturalmente doces.
Outras intrinsecamente amargas.

Umas colhidas na flor da idade.
Outras deixadas a apodrecer nas árvores ou no chão onde caíram.

Umas, apanhadas cedo demais, possuem o travo acre do verde.
Outras, maduras do sol e do tempo, ganham o gosto bom da idade.

Depois há as frescas e sumarentas com que lambuzamos boca e mãos.
E as secas e calóricas com as quais convém ser comedido.

O que não se pode é pedir a um limão para ser banana.
Nem esperar que uma amêndoa se transforme em uva.

Pois não?

19 de abril de 2007

Intermitências da Vida

Haverá, realmente, sinas e karmas?
Opostos que se atraem, metades que se completam?
Ciclos viciosos (virtuosos?), círculos que se fecham?
Regresso às origens, passado que se reata?

A minha vida é intermitente, desfasada.
Mercê da intermitência alheia.
Domínio do desfasamento interior.

E sinto-o como sina.

O querer descontínuo.
O entusiasmo a espaços.

A paixão conveniente.
A conveniência do idílio.

Mas eu sou linha recta em gráfico cardíaco.
Sou mar flat para surfista experiente.

O que sinto, dura para sempre.
E o que me conquista, fá-lo para a Vida.

18 de abril de 2007

Sei que queres...


... que escreva sobre ti.

Sei que esperas ler aqui o que não te digo em discurso directo.

Sei que me consideras mais verdadeira quando não dou a cara.

Sei que acreditas mais em mim quando não me esquadrinhas o olhar.

Mas o que o meu corpo diz não pode ser lido.

O que as minhas mãos procuram não pode ser interpretado num qualquer punhado de palavras.

E o que a minha alma grita não pode ser fingido, assim, em prosa fácil, leviana.

Sei que queres que escreva sobre ti.
Mas eu quero que me leias sem nada ter que explicar...

17 de abril de 2007

Limites

Atingi o meu limite de complacência e apoio incondicional ao SLBenfica, na 5ª feira da semana passada, no Estádio da Luz.
Não que os tenha vaiado (acto que considero estúpido e atrasado quando dirigido à nossa própria equipa e aos nossos próprios jogadores).
Apenas se me esgotou a capacidade de continuar a cantar e a apoiar sem hipocrisia, com fé nos resquícios de esperança que ainda existiam na salvação da época.
E por isso, ontem, mesmo tendo um bilhete oferecido... fiquei em casa.

Não concordo com a atitude tão portuguesa de "Coitadinhos, estavam cansados... tinham muitos jogos nas pernas... muito já conseguiram eles!"
Faz-me lembrar os recentes festejos do 2º lugar da Selecção no Europeu.

Eu nunca consegui festejar derrotas.
E tenho este maldito defeito de exigir sempre e só o melhor ao que amo.

Na próxima época lá estarei... depois de lamber cuidadosamente as feridas e reabastecer novamente as reservas de fé, ânimo e confiança.

Até lá...
VIVA o SLBENFICA!!
SEMPRE!!

16 de abril de 2007

Não é normal!

Apesar do que me dizem, eu sei, eu sinto...
... não é normal, não pode ser.

O desinteresse contínuo.
A apatia constante.

Vejo amores que nascem e morrem enquanto permaneço, fico.
Atravesso desertos sem oásis, mares sem ondas, jardins sem flores.

Não há nada que me desperte.
Ninguém que me faça viver.

Não é normal que te olhe e não te queira.
Não é normal que te queira e não te olhe.

Não é normal que não lute e queira vencer.
E não é normal que lute sempre à espera de perder.

13 de abril de 2007

A lição

Lê com atenção o que te escrevo.

Não quero que me exijas.
Quero que me seduzas.

Não quero que me esperes.
Quero que me conquistes.

Não quero que me respeites.
Quero que me tomes.

Não quero palavras, declarações, intenções.

Quero que apagues passado e futuro.
Quero-te presente, momento, agora.

Não quero distância, receios, cautela.
Quero-te entrega, magia, Vida.

Não quero aventura, futilidade, vazio.
Quero não saber viver sem ti.

Então, a lição será silêncio.
E nós, segredo revelado.

12 de abril de 2007

Em ponto de rebuçado

Irritam-me os que festejam exclusivamente as derrotas do SLBenfica.

Desprezo os que engolem sapos mas continuam a fazer vénias.

Abomino os que fazem gala em gerar maus ambientes.

Passo-me com os que aceleram quando são ultrapassados,
com os que viram sem sinalizar,
com os que param sem avisar,
com os que conduzem com sobranceria.

Envergonham-me os que castigam a verdade,
os que censuram em democracia.

Não tolero os que roubam com permissão,
os que se enchem com ostentação,
os que parecem o que não são.

E enfurece-me a impotência generalizada, a resignação incorporada.
A de todos...
... e a minha, revoltada!

11 de abril de 2007

Dama de Gelo

Já é recorrente.
Ser apelidada de fria, insensível, fechada, reservada... e sei lá que mais.

Longe de me ofender, na maior parte das vezes, vejo-me mesmo obrigada a concordar.

Sim, (p)reservo os meus afectos, protejo a minha privacidade, (res)guardo os meus sentimentos... e daí?

Estas muralhas já foram transpostas.
Os segredos destes cadeados já foram descobertos.

Portanto, não se queixem, lutem.
Não se rendam, conquistem!

E se não o fizerem, resignem-se...

10 de abril de 2007

Aqui...

... o ar começa a pesar.

As costas vergam pelo desprezo.
Os ombros descaem pela indiferença.
As cabeças tombam pela falta de consideração.

Aqui cessou a partilha, a confiança.
Extinguem-se os ânimos e os alentos.

Os sorrisos são agora de circunstância.
E os olhos brilham apenas de lágrimas.

Aqui o ar começa a pesar.
E ninguém parece notar.

Aqui o ar começa a pesar.
E a ninguém parece importar...

9 de abril de 2007

Enquanto...

... se falava dela, reconhecia os sinais.
Mas pensava o quanto estava enganada.
O quanto lhe faltava motivo para tal agonia.

Tão jovem.
Tanta vida por viver.

Mas na procura desenfreada, anda perdida.
No desespero da busca, esquece-se que a felicidade é o caminho, não o destino.

Pára, respira... aproveita!
É que tanta ansiedade também mata.

Acredita... eu sei.

5 de abril de 2007

Soltas

Tenho quase a certeza que fui eu que 'ditei' isto ;)


Estou completamente fascinada com o Rodrigo Santoro no filme "300".
Vilão, careca... que importa?!?
É a desculpa perfeita para embelezar (com ele) aqui o meu cantinho...


E depois ainda temos o Glorioso.
Dia importante... mais um.
Mas desde Domingo que ando irritada, vá-se lá saber porquê!
Talvez se deva ao facto de ter perdido a oportunidade de estar em primeiro na Liga e, em vez disso, ter ali o 'sportém' a roer-me os calcanhares... talvez, quem sabe?

E também há aquela sensação de ser quase a única pessoa que está a trabalhar hoje.
Estrada só minha, estacionamento vazio, metro às moscas.

E a outra (já enraizada) de desânimo e desalento, de revolta e estranha e viciada resignação.
Mas essa não cabe aqui, em meia dúzia de palavras.
Deixo-a para depois...

Boa Páscoa para os pequenos, para os grandes, para os pequenos e grandes.
Boa Páscoa para os jovens, para os menos jovens, para os jovens axim, axim.
Sim, eu sei que tenho uma maneira esquisita de falar ;)
Mas Boa Páscoa para todos, axim mesmo!

4 de abril de 2007

Não escrevo...

... para ser consolada.
Para despertar simpatia ou comiseração.
Não escrevo para atrair ou repudiar.
Tampouco para ser 'compreendida' ou 'apoiada'.

Não escrevo para criar mistério.
Para provocar curiosidade ou solidariedade.
Não escrevo para gerar comentários.
Tampouco para suscitar polémicas ou debates.

Infeliz de mim se assim fosse... gorado à partida o intuito.

Escrevo porque o faço desde que me lembro.
Tão somente porque se não escrevo, sufoco.
Apenas porque se me calo, morro.

3 de abril de 2007

A regra dos 5

Aprendi há dias, já nem sei bem onde, a "regra dos 5".

Consiste em enumerar 5 motivos pelos quais não nos vemos a viver sem a pessoa com quem estamos no momento.
Se se conseguir, essa é a pessoa que nos completa... porque já temos 4 razões a mais do que as necessárias. :)

A minha dúvida é só uma.
O que fazer se, com a mesma facilidade, também se consegue elaborar a lista das "10 coisas que odeio em ti"? ;)

2 de abril de 2007

A Vida ao Contrário

Sou uma pessoa de sorte... eu sei.
A vida sempre me foi fácil, oferecida de bandeja.

Mas nesse dia, tremi.
Seria o fim da sorte?
E logo de modo tão radical...
Sem apelo, nem agravo, a confirmar-se seria o fim... da sorte... da vida.

Mas não... mais uma vez, a sorte prevaleceu.
A minha estrela, o meu anjo, sei lá, protegeram-me... uma vez mais.

Nesse dia, no entanto, parte de mim deixou de existir.
Por medo, responsabilidade, respeito, asfixiei-a.

E, desde esse dia, sufoco aos poucos com ela.