29 de junho de 2007

A Noiva de Frankenstein

Difícil mesmo é encontrar tudo o que queremos numa única pessoa...

Assim, de repente, misturava o bom humor e o companheirismo de um com o carinho e a devoção de outro, costurava a tua maturidade à paixão dele e combinava o seu corpo com a tua inteligência.

E depois ainda me soam bem algumas vozes mas não o que elas dizem.
E adoro o que me é dito quase sempre pela voz errada.

Percebo o esforço de Frankenstein.
Mas é tão fácil prever o mesmo resultado...

28 de junho de 2007

E se alguém...

... te manda uma mensagem solta sobre algo insignificante que aconteceu na véspera?
Isso é uma desculpa para meter conversa novamente?

E se alguém te sorri à despedida quando esperavas um beijo?
Isso quer dizer "Não te quero"?

E se alguém te procura quando te afastas e te afasta quando procuras?
Isso é capricho, indecisão, caridade, medo, jogo do toca e foge?

E quando alguém é assim, como ser para esse alguém?

27 de junho de 2007

...

Tudo me foge, tudo escorraço.

Mostro depressa a face feia.
Faço gala em ser aranha sozinha em sua teia.

E espalho veneno e fel.
E lanço feromonas e mel.
E faço baixas e presas.
E espero sozinha sem pressas.

Mas quando me pisam, ignoram,
Quando não me querem, não me adoram,
Provo do meu veneno o sabor,
Sinto na pele o meu fel

E fico enferma, vencida,
Sozinha, cobarde, caída.

Porque sou grega e troiana.
Porque sou santa e leviana.

Porque quero ser tudo
E não sou nada.


26 de junho de 2007

Sonhei...

... que te comia.
Literalmente!
Devorava-te.

Tinha corpo de enguia, de serpente, sei lá.
Cabeça de réptil, língua bicúspide, boca descomunal.

E comia-te, deglutia-te.
Lentamente... engolia-te.

Cheia, empanturrada...
... comprimia-te.

E sufocada, esmagada...
... destruia-te!

25 de junho de 2007

The truth is...


... you're
not
that

good.


I'm
just
that

lonely...

22 de junho de 2007

Ooops

Fizeste anos e nem sequer dei por isso.

Parabéns, Diário!!
E desculpa lá o atraso... :)

21 de junho de 2007

Desilusão

Que terei de errado?
Que mistério tão fechado encerrarei?

Recebo "adoro-te"'s mas nunca ouvi um verdadeiro "amo-te".
Sou desejada mas nunca realmente querida.

Quero corpos mas não amo almas.
Desejo em momentos mas não me dou para a vida.

E desiludo-me, desiludo-me, desiludo-me.

E quero mais de quem não me dá nada.
E quero tudo de quem nada tem para me dar.

E quero ser tudo para quem me visita.
E serei sempre nada para quem me habita.

20 de junho de 2007

Tudo...

... o que escrevo perde imediatamente a sua importância.
Tudo o que guardo, pelo contrário, cresce em intensidade.

Se escrevo é dique que rompo.
Se calo sou bomba-relógio,
corpo que vai rasgando a roupa pela costura.

O que escrevo não me pesa, não arrasto.
Não me persegue ou assombra.
O que escrevo é lixo que reciclo.

O que oculto agiganta-se, desproporciona-se.
Perturba, molesta, distrai.
O que escondo é desastre à espera de acontecer,
alarme subindo infinitamente de tom.

E agora só tenho uma questão...
Será que fiz bem em escrever sobre ti?

19 de junho de 2007

Grito mudo

Que vontade estúpida de escrever!
Que receio entorpecido de o fazer.

Que novidade refrescante e ansiada.
Que sintonia aparente e tão sonhada.

Que lamento por sabê-la efémera, transitória.
Que raiva por te rever em mim, provisória.

Que certeza assustadora de querer.
Que futuro previsível de antever.

18 de junho de 2007

Que bom...

... saber que estou viva.

Que pena não saber escolher com quem ressuscitar...

15 de junho de 2007

Inimizades

Na ânsia de valorizarmos o bom,
acabamos, muitas vezes,
por denegrir e caluniar o óptimo.
(e vice-versa?)

Será por serem eternos inimigos?

Mas quem terá, afinal, criado esta inimizade?


12 de junho de 2007

Tempo, tempo, tempo!

Quero mais tempo!
Preciso!

Tempo para escrever com calma.
Tempo para (cor)responder com alma.

Tempo para sentar-me e descansar.
Tempo para cuidar e ver medrar.

Tempo para gozar e viver.
Tempo para desfrutar e aprender.

Sinto-me formiga apressada... e detesto.
Sou iguana lenta e lânguida... mas apresso-me.

Tempo, tempo, tempo!

Tempo que escapa e se esconde.
Tempo que escorre e se escoa.

Tempo que prende e me vence.
Tempo que me aperta e reduz.

Tempo que perco...
... em tempo que morro.


11 de junho de 2007

"O Sexo e a Cidade"...

... foi a minha leitura de férias.
Não gostei particularmente do livro.
Os 'episódios' são desgarrados, as personagens são 'a duas dimensões' e não existe propriamente uma história para acompanhar.

Mas, all in all, reconhecem-se as questões, os dilemas, as encruzilhadas com que uma Mulher se depara ao longo da sua vida adulta... pelo menos em Manhattan ;)

E fica, claramente, a noção (o peso, se quiserem) da idade.
"(...) as mulheres de 30 e poucos (...)"
"(...) as mulheres de 35 (...)"
"(...) as mulheres de 30 e muitos (...)"
E por aí fora.
Assim... escalonadas, classificadas.

Segundo o livro, fiquei com a sensação que...
... estou velha demais para casar porque um homem procura inconscientemente a progenitora certa para os seus filhos.
... sou nova demais para me render ou desistir dos meus sonhos porque milagres acontecem e os homens não são todos iguais... nem as mulheres.
... sou velha demais para insistir num ideal de homem porque ele só estará interessado em mulheres com metade da minha idade.
... sou nova demais para me resignar a um velho, careca e gordo mesmo que ele seja inteligente, carinhoso e rico.
E por aí fora.

Talvez seja mesmo melhor viver em Portugal.
Um bocadinho menos de sexo.
Um nadinha a menos de cidade.
Mas, principalmente, tudo muito menos compartimentado.
Ou será só impressão minha?!

1 de junho de 2007

Um dia...

... quando for velhinha,
vou recordar que era linda aos teus olhos.

Quando o peso dos anos me amaciar o génio,
vou lembrar-me que era a tua princesa.

Quando o tempo me sulcar o rosto,
nele conseguirei ler os teus "adoro-te".

E quando a idade me turvar os passos,
descansarei na saudade dos teus beijos.

Nesse dia, e só nesse dia,
vou finalmente chorar ter-te perdido...