30 de novembro de 2007

Gótica


Já mo tinham dito em tempos.

Que sou
negra,
abissal,
depressora...
gótica, afinal.

E agora
comprovei-o.

Se algum dia me
casasse, seria,
com certeza,
uma noiva gótica!

29 de novembro de 2007

Eu tenho...

... uma Amiga extraordinária!
(aliás, tenho várias mas hoje refiro-me apenas a uma delas)

Há algum tempo atrás, partilhava com ela as minhas dúvidas (sempre tantas) e ela respondeu-me algo que nunca mais esqueci:

"Não é possível deixar de amar Pais, Irmãos, Filhos porque o verdadeiro Amor é imortal... logo, é impossível deixar de amar alguém por quem também já tivemos esse sentimento forte e verdadeiro um dia.
Se deixamos de amar é porque nunca amámos de verdade."


A sua lógica foi tão simples que a assimilei.

E ontem lembrei-me dela quando me envolvi neste diálogo:
Ele:
- Se uma mulher me quiser, ama-la-ei e ser-lhe-ei fiel o resto dos meus dias.. Se não quiser, sai da frente que atrás vem gente.
Eu:
- Quando amo é para sempre... e isso não tem absolutamente nada a ver com o facto de ser ou não correspondida.
Ele:
- Eu também, Teresa mas só procuro ser feliz. Se a pessoa que amo não me quer, sigo em frente. Isso não significa que tenha esquecido. Talvez aprenda a amar outra vez.


E eu só invejo a capacidade de quem o consegue fazer rápida e facilmente.
Para a frente, Teresa! Para a frente que atrás vem gente!!

28 de novembro de 2007

Sentia...

... que era dispensável.
Ou melhor, que poderia ser facilmente substituída.

Que a sua atenção era interesseira.
Calculista na intenção de um rumo, de um fim.

Não havia ali insensatez, loucura, desvario.
Não havia emoção ao rubro, atracção irresistível, perturbação incontrolável.

Era apenas uma vontade fria e férrea.
Um propósito racional e intransigente.

De me ter.
De ter alguém...

27 de novembro de 2007

Eu sei...

... que o amanhã será melhor.
Que talvez surjas noutra curva do meu caminho.

Eu sei que esta escuridão não é para sempre.
E que este manto não impede que entre a luz.

Mas em cada nova esperança que me ilumina,
Esconde-se um abismo maior onde me afundo.

E a cada sonho estúpido e descabido
Me perco mais em labirinto sem saída.

E em cada desilusão onde me afogo,
Quebro, fujo, definho... e morro.

26 de novembro de 2007

E quando...

... por algum motivo, tomo aquela pessoa de ponta?
(é tão engraçada esta expressão :D)

A sua boca fica ridiculamente pequena.
A sua voz estupidamente afectada.
O seu riso flagrantemente falso.
A sua atitude insuportavelmente dissimulada.

E implico com trejeitos, palavras, expressão, postura.
E embirro solenemente com o que diz, o que me pergunta, o que me pede.
E irritam-me os seus olhos, os seus modos e a sua reservada polidez.

E descubro-lhe a astúcia oportunista e matreira.
E decifro-lhe a hipocrisia indisfarçada e feia.

E percebo que apenas a minha indulgência me mantinha cega e alheia.

22 de novembro de 2007

Se me apaixonasse...

... deixaria de escrever.
Se me amassem, perderia inspiração.

Emudeceria, por certo, perplexa,
Incapaz de 'cantar' satisfação.

Calaria sorte e fortuna.
Ignorante para exprimir ventura.

Guardaria agrado e bem-estar.
Inábil para contar felicidade.

E, encantada,
Mesmo que apenas por um instante,
Partiria.

21 de novembro de 2007

Coisas simples

Às vezes, o que se pede é tão simples que parece impossível não se obter.

Um compromisso é para manter (não para esquecer, não para adiar em cima da hora, não para deixar em aberto à espera de coisa melhor).

A verdade é para ser dita (não para ser macia, não para ser camuflada, não para ter de ser arrancada).

A coerência deve predominar (não ser perdida em frases feitas, não ser forçada a promessas, não ser vendida por medos e cobardias).

E a Amizade deve ser escancarada (não ter rédeas, nem peias, ser verdade e coerência, ser vontade e natureza).

Às vezes, o que se pede são apenas coisas simples...

20 de novembro de 2007

O segredo da Felicidade

Por várias vezes, já mo tentaram ensinar.

"Não penses, sente."
"Confia, rende-te!"
"Não exijas, oferece."
"Não sofras, avança..."
"Entrega-te, vive!"

E eu concordo, é claro.
Não é a atitude que questiono.
É o sentimento...

A scarf won't ever make me fly.

19 de novembro de 2007

Por mais...

... vezes que aconteça.
Por mais homens que conheça.

Por mais rios que me atravessem.
Por mais provas que me ofereçam.
Por mais egos que me trespassem.

Por mais braços que me prendam.
Por mais bocas que me jurem.
Por mais história que acumule.

Por mais fria que me torne.
Em mais céptica que me transforme.

Sei que nunca irei entender.
Por mais vida que viver.

16 de novembro de 2007

Não é fácil...

... saber que o teu toque me arrepia.
... ter aprendido que o teu abraço me faz tremer.
... lembrar que dançar contigo tudo faz esquecer.

Não é fácil...
... querer muito mais do que me podes dar.
... resistir ao que te dispões a partilhar.
... negar o que o meu corpo grita por aceitar.

E não é fácil...
... continuar a dizer-te 'Não'...
... quando não há mais ninguém a quem queira dizer 'Sim'.

15 de novembro de 2007

A pressa...

... de que me acusas é respeito.
Respeito pelo teu tempo, pela tua vida, pelos teus sonhos.

A minha pressa é decisão.
Pegar ou largar, sem protelar.

A pressa que te apressa é amiga, protege-te.
Evita-te ilusões, preserva a tua esperança.

A velocidade com que vivo é honesta.
Não empata, não desperdiça, não (ab)usa.

A pressa com que avanço e descarto é sincera.
Não te prende, não te engana... liberta-te.

Por isso, respeita-me, protege-me...
... apressa-te!

14 de novembro de 2007

Da série...

... de boas respostas que me faltam no momento certo...
... para a afirmação "Pensas demais":

"Neste caso, sinto de menos..."


13 de novembro de 2007

A casa...

... espera-me.
Escura e fria.
Deserta, sozinha.

O silêncio segue-me.
Quieto, sossegado.
Companheiro afeiçoado.

A solidão recebe-me.
Abriga-me, aquieta-me.
Abraça-me, aceita-me.

Suspiro.
É só aqui que não me sinto só...

12 de novembro de 2007

Realmente...

... há situações em que somos primorosamente ignoradas se tentamos falar de certos assuntos.

Há algum tempo atrás, irritava-me sobremaneira com quem já vaticinava o 'desfecho inevitável' deste campeonato... ainda a procissão ia no adro.
Mas, por acaso, alguém acreditaria que o Porto não iria perder pontos no decorrer desta prova?!
Condescendentemente, olhavam-me e diziam com segurança:
"Pois, talvez... mas vai ser muito difícil".
E assunto encerrado!

Em duas jornadas, o Porto perdeu 4 pontos e o Benfica ficou a depender só de si.
E a procissão ainda mal saiu do adro...

E agora?
Que vaticinam os 'entendidos'?

9 de novembro de 2007

Da minha fome...

... não falo.
É normal.
(A fome, entenda-se.
Não o silêncio.)

Da minha fome não falo.

Grito-a, em áridos desertos.
Escrevo-a, em folhas vazias.
Esvazio-a, em almas estéreis.
Despejo-a, em corpos tão famintos como o meu.

Da minha fome não falo.

Notam-se apenas vestígios.
Adivinham-se somente os sinais.

Da minha fome, mesmo muda, sou escrava.
Da minha avidez, escondida, prisioneira.

Na minha fome, murcho e definho.

Mas nela, combato e resisto.
E por ela, renasço e vivo!

8 de novembro de 2007

Eu sou...

... a mulher que procuras.

A que se deita no teu colo em busca de carinho.
A que te diz que é feliz só porque te encontrou.

A que te mima em gestos e mil palavras.
A que te procura e sente sempre a tua falta.

A que te quer e deseja e se deixa conquistar.
A que se te molda e encaixa e nunca te vai deixar.

Eu sou a mulher que insistes em procurar...
... se tu fores o homem que anseio encontrar.

7 de novembro de 2007

Este ano...

... anseio pelo Natal que se aproxima.

Quero a Árvore de Natal de que tinha abdicado há anos.
E aguardo, com alegria, o fim de semana em que enfeitarei a casa e farei o Presépio.

Vou inventariar o que me falta e comprar fitas, bolas, neve, luzes...
Quero acender a lareira (quando virá o frio?) e, a seguir à Missa do Galo, abrir os (poucos) presentes sentada no chão.

E quero-os lá... a todos... os meus 'favoritos'.
Os Pais muito amados.
A prima quase irmã.
A vizinha quase mãe.
Os amigos quase família.

Este ano, voltei a imaginar, com esperança, o Natal que se avizinha.
Mesmo sabendo que não irá ser nada como o sonhei...

6 de novembro de 2007

Há quem...

... parta sem nunca se ter ausentado.
E quem desapareça, sem nunca ter chegado a partir.

Há quem se despeça mas para sempre fique.
E quem nos abandone, sem nunca dizer adeus.

Há quem esmoreça e se esbata, na velocidade dos dias.
E quem se entranhe e que cresça, na monotonia das horas.

Há quem se empurre e resista.
Quem se puxe e tente fugir.

Quem se ama e nunca se quis.
E quem se quer mas nunca se conseguiu amar...


5 de novembro de 2007

Sem nada...

... lhe perguntar, dizia-me...

Que estava triste, perdida.
Que o desalento a derrotava, vencia.

Que lhe custava (cada vez mais) recomeçar...
... outra vez... mais uma vez.
Que já adivinhava futuros e desenlaces.

“Já lhes conheço todas as conversas, os sinais”
“Os inícios cheios de entusiasmo”
“Os fins repletos de desânimo”

Que amarfanhara a vontade de ser Mãe porque sabia...
... que, mais cedo ou mais tarde, o viria a ser sozinha...
... e ser Mãe, só para ser Mãe, isso não queria.

Que não conhecia relações felizes... de corpo e alma.
Amores sem traições... de corpo ou de alma.

Que ansiava ‘apenas’ por companhia.
Que procurava ‘apenas’ um companheiro.
Mas que esse pouco era tanto, tanto... e tão remoto.

E dizia-mo com voz de Primavera.
Com os sonhos todos ainda presos no olhar.

E eu pensei...
... ela sou eu a falar.