31 de outubro de 2007

Para sempre...

... serei a mais feia.
A mais pobre.
A menos afortunada.

Para sempre serei a mais sozinha.
A preterida.
A menos querida.

Para sempre lamentarei.
Continuamente chorarei.

Porque sou cega e triste.
Ingrata e sombria.


E de nada adianta
Ser mulher, não mais criança.
Para sempre serei a pior.
Mesmo sabendo ser melhor...

30 de outubro de 2007

É que...

... não quero ficar, compreendes?

Não tenho essa vontade.
Não sinto essa necessidade.

E é isso que está errado.

Este torpor dos sentidos.
Esta ausência de intenção.

É que assim não vivo, reconheces?

Sinto falta do desejo.
É noutra emoção que me revejo.

E desespero e perco a fé.
E crio fossos, afundo abismos.

E mesmo não sabendo para onde vou...
... sei que assim não vou ficar.

Aceitas?

29 de outubro de 2007

E se...


... um desconhecido lhe mandar um beijo?

Isso é...

... natural?
... provocador?

... ou simplesmente inapropriado?

26 de outubro de 2007

Nunca...

... tal me tinha acontecido.
E incomodou-me de tal modo que me roubou o sono e me obrigou a repensar a minha postura e a minha conduta.

Repudiar avanços, mais ou menos despropositados, são os 'ossos do ofício' de ser mulher.
Esclarecer mal entendidos quando não há exacta reciprocidade de sentimentos já aconteceu a qualquer um(a) de nós.

Mas perceber que alguém estava plenamente convencido que era correspondido por mim e sentir-me tão mal por estar completamente a leste desse facto, faz-me parar para pensar para que mundo emigrei sem me dar conta e que raio de sinais ando eu, de lá, a enviar?!?

25 de outubro de 2007

Primeiro...

... sou contágio, promessa de sensações.
Arca de preciosidades, X em mapa do tesouro.

De início, pareço valer a pena.
Merecer a luta, o esforço, a conquista.

Defendo-me, dizendo a verdade.
Não encerro riquezas, sou apenas o que vêem,
superfície espelhada que vos reflecte e agrada.

Mas sou mesmo assim, acreditem!
Fútil e fria.
Insípida e vazia.

Não há pérola na ostra feia.
Não há prémio por alcançar.
Não há nada mais por descobrir ou desvendar.

E venço sempre, acabo a história.

Mato a urgência, destruo a pressa.
Sou falso engodo em busca de presa...

24 de outubro de 2007

Estúpido...

... desconforto!
Sensação de abandono.
Relembro e relego.
Reparo e curo.

Prefiro o silêncio.
Para quê falar?
Alguém surgiu, tomou o meu lugar.

Na verdade, até te entendo.
Também a mim se esgota a paciência.
E o que, a princípio, é intenso (parece certo!).
Depressa cansa, logo aborrece.

Nada a fazer.
Relembro... mas relego.
Reparo... mas curo.
Sigo... e esqueço.

23 de outubro de 2007

Há duas...


... noites seguidas que sonho com piolhos.
Aarghhh!

Logo eu, que nunca me lembro dos meus sonhos, quando me dá para lembrar, sai isto!

Que quererá dizer?

(e, só de pensar, fico com comichão :D)

22 de outubro de 2007

Vem...

... surpreende-me.
Chega de mansinho, instala-te.

Fica, não me desiludas.
Prefiro-te assim, longe, distante.

Vem, que te chamo.
Quero querer-te, precisar-te.

Fica, que te afasto.
Não quero parar de sonhar.

Vem, que te espero.
Faz de conta que sou tua.

Fica, que és devaneio.
Mantém-te pressa, ânsia, sorriso, arrepio.

Vem, apressa-te!
Finge que te espero, que te chamo.

Acredita que te quero.
Mas fica...

... ou vem?

19 de outubro de 2007

O tempo

Ouço conselhos, peso opiniões.
O tempo... dizem eles.

"O tempo tudo apaga"
"O tempo tudo revela"
"Com o tempo..."

Custa-me a aceitar que o tempo, por si só, me transforme.

O que não sinto à partida, surgirá "com o tempo"?
O que sinto à despedida, "com o tempo", desvanecer-se-á?

O tempo pode apaziguar, serenar.
O tempo pode aprofundar, intensificar.

Mas, onde nada existe, será o tempo capaz de algo criar?

18 de outubro de 2007

Pode...

... dar a sensação que fujo.
Pode parecer que recuso a quimera.

Por capricho, indecisão, medo, insegurança...

Descanso na certeza de que nada disso é.

Não há fuga possível do inevitável.
Não há como recusar quem já entrou.

Não há portas que detenham o mar.
Não há prisão que sustenha o ar.

Quando se parte é porque nada nos prende.
Quando se vai é porque se consegue, se pode.

E, se eu for, quando for,
Não será porque fugi
Mas apenas...
... porque pude ir.

17 de outubro de 2007

Mais um...

... homem.
Apenas isso, mais um.

Excitante enquanto não se mostrar.
Atraente até se dar, finalmente, a conhecer.

Aparentemente perfeito por recortes e post-it's.
Potencialmente adaptável a tontos esboços de planos e sonhos.

Faço render... tento prolongar.
Quero saborear, esforço-me por gozar.

Mas impaciento-me, amiúde.

Não pela cadência auto-imposta.
Mas pela certeza do desfecho.

Pela iminência de outro fim.
Pelo cansaço de mais um recomeço.

Mais um...

16 de outubro de 2007

Ele é...

... o homem de todas as mulheres.

Frontal e atrevido.
Sensual, desinibido.

Pessoa ideal para rir, deitar e depravar.
Companhia perfeita para seduzir e conquistar.

Química, pele, fantasia, tesão.
Mas, nem por um momento, vida, amor
Nem sequer paixão.

Presença não desejada, é segredo bem guardado.
Palerma perdido, infeliz e mal-amado.

Néscio orgulhoso e iludido.
Convicto que é assim que o sexo é bem vivido.

E é só pena que me invade.
Por quem vive apenas pela metade.

Por quem se recusa a aceitar
Que ele e eu não somos par.

Por quem resiste em perceber
Que nada tenho para oferecer
Ao homem...
... de qualquer mulher.

15 de outubro de 2007

Ele é...

... a pessoa com que sempre sonhei.

O homem que apresentaria com orgulho aos meus pais.
O namorado que daria a conhecer com prazer aos meus amigos.

Sensível e atencioso.
Romântico e generoso.

A pessoa certa para me abraçar à beira-mar.
A companhia perfeita para serões de inverno à lareira.
O homem ideal para vibrar pelo Glorioso ao meu lado.

Ele é a pessoa que sempre esperei.

Aberta e alegre.
Forte e carinhosa.

O homem que se entrega, que se compromete.
Que não se esconde, que não quer apenas brincar.
Que diz que me adora e que quer tentar.

E então, Teresa?
Que desculpa vais tu agora inventar?

12 de outubro de 2007

Tempos Modernos

"Nem todos temos de ser modernos..."
Retive esta frase do último episódio que vi da série "The L Word".

Realmente, há coisas na velocidade dos ditos 'tempos modernos' que abomino, que rejeito, que recuso.
Não concordo com o elogio a uma vida plena de conteúdo e ritmo como sinónimo de felicidade e realização pessoal.

Chega a parecer que um momento disponível é condenável.
Que o ócio deve ser, também ele, 'ocupado'.

Não tenho de ter uma agenda repleta para ser feliz.
Não preciso de trabalhar de sol a sol para me sentir igual.

A velocidade não me deixa falar, não me deixa pensar, não me deixa parar.
O ritmo acelerado distrai-me, consome-me, estorva-me.

Gosto do tempo que respiro.
Do tempo que ofereço.
Do tempo que (me) dou.

Gosto de tempo.

Tempo livre, tempo meu.
Que desperdiço, que gasto.
Que aproveito, que uso.
Mas que é livre... e que é meu!

"Nem todos temos de ser modernos..."
Pois não?

Como é possível...

... duas pessoas serem extremamente parecidas mas uma ser feia e a outra bonita??
(acho que já escrevi, em tempos, uma coisa igual aqui no blog mas é que este facto continua a intrigar-me...)

10 de outubro de 2007

Ando...

... em ritmo díspar do Mundo.
Caminho em passo desigual.

Se correm, abrando.
Se tenho pressa, atrasam-me.

Saltam barreiras onde me esbarro.
Vêem obstáculos que não distingo.

Falam línguas estranhas ao meu ouvido.
Pensam estratégias que não atinjo.

Se me querem conforme, rebelo-me.
Se sou diferente, anseio tornar-me igual.

Tenho preguiça de acertar este passo.

Sigo o rebanho, protelando...
... e, para trás, vou ficando.

Sigo o Mundo, demorando...
... e, de vista, vou-me perdendo.

9 de outubro de 2007

Nunca...

... deixo de me surpreender com a forma como me vêem ou com a interpretação que, por vezes, fazem das minhas palavras e/ou (re)acções.

Ou porque me imaginam como uma espécie de donzela romântica e sonhadora.
Ou porque me consideram mulher calculista, amarga e mal amada.
Ou porque supõem que sou frágil e dependente.
Ou porque presumem que anseio e procuro desesperadamente marido e filhos.

E, quando formam opinião, nada do que eu faça ou diga os convence do contrário.

A questão é...
... será que a nossa imaginação é uma aliada...
... ou uma inimiga?

8 de outubro de 2007

Espera!

Há tanto que ainda me falta (vi)ver.
Quero saltar sem páraquedas, mergulhar sem reserva de ar.

Não me empurres, não me puxes.
Não sei se desejo ir, não percebo se quero ficar.

Espera!
Não me obrigues, não me apresses.
Estou presa, estanque, cega, dormente.

Sei que pareço imóvel, indiferente.
Mas sou vortex, vulcão impaciente.

Porque tens de ser finito?
Porque tens de ter limite?

Espera!

4 de outubro de 2007

...

As suas mãos, grandes e fortes, perscrutam-me sem pudor.
Os seus olhos, atentos, esquadrinham cada centímetro da minha pele exposta.

Dor e prazer misturam-se numa amálgama de sensações.

O toque magoa, castiga.
A massagem compensa e mima.

A mais ninguém perdoo, da mesma forma, a dor que sempre me provoca.
A mais ninguém permito esta reincidência de emoções.

A mais ninguém excepto...
... à minha esteticista. :D

2 de outubro de 2007

Gosto...

... da capacidade de um homem de apreciar um pormenor.

Elogio-lhes a qualidade de descobrir beleza num vislumbre de pele.
Reconheço-lhes a aptidão de distinguir harmonia no que adivinham... e ficarem seduzidos por isso.
Louvo-lhes a atenção com que decifram olhares e (sor)risos, mãos e gesto, roupa e costumes.
Admiro-lhes o poder de nos lerem no que não dizemos, no que escondemos, no que não mostramos.

Gosto da capacidade de um homem de apreciar em pormenor... os pormenores.

1 de outubro de 2007

Sou como...


... pedrada em lago quieto e romântico.
... ruído de fundo em cinema.
... semáforo vermelho em viagem urgente.

Sou estorvo, obstáculo, incómodo, aborrecimento.

Sempre entrave em causa própria.
Digo 'não' à aparente perfeição.
Digo 'não sei' à resposta ao que sonhei.

Confusa entre não e sim...
... só sei que sou sempre princípio...
... e fim.