5 de novembro de 2007

Sem nada...

... lhe perguntar, dizia-me...

Que estava triste, perdida.
Que o desalento a derrotava, vencia.

Que lhe custava (cada vez mais) recomeçar...
... outra vez... mais uma vez.
Que já adivinhava futuros e desenlaces.

“Já lhes conheço todas as conversas, os sinais”
“Os inícios cheios de entusiasmo”
“Os fins repletos de desânimo”

Que amarfanhara a vontade de ser Mãe porque sabia...
... que, mais cedo ou mais tarde, o viria a ser sozinha...
... e ser Mãe, só para ser Mãe, isso não queria.

Que não conhecia relações felizes... de corpo e alma.
Amores sem traições... de corpo ou de alma.

Que ansiava ‘apenas’ por companhia.
Que procurava ‘apenas’ um companheiro.
Mas que esse pouco era tanto, tanto... e tão remoto.

E dizia-mo com voz de Primavera.
Com os sonhos todos ainda presos no olhar.

E eu pensei...
... ela sou eu a falar.