9 de novembro de 2007

Da minha fome...

... não falo.
É normal.
(A fome, entenda-se.
Não o silêncio.)

Da minha fome não falo.

Grito-a, em áridos desertos.
Escrevo-a, em folhas vazias.
Esvazio-a, em almas estéreis.
Despejo-a, em corpos tão famintos como o meu.

Da minha fome não falo.

Notam-se apenas vestígios.
Adivinham-se somente os sinais.

Da minha fome, mesmo muda, sou escrava.
Da minha avidez, escondida, prisioneira.

Na minha fome, murcho e definho.

Mas nela, combato e resisto.
E por ela, renasço e vivo!