... criança desenhava simetricamente.
Formas geométricas perfeitas e equilibradamente distribuídas numa folha de papel.
Concêntricas e organizadas.
Na adolescência e na faculdade, comecei a apreciar (e a desenhar) o abstracto.
Formas disformes, cores antagónicas, sentidos despertos, conteúdo ausente.
Descentradas e desorganizadas.
Sem perceber muito bem porquê, reconheço falta de ordem no (meu) mundo.
Sem conseguir explicar como, aprecio a anarquia intrínseca de um punhado de cores e de uma mancheia de traços aleatórios.
Neles revejo cansaço e desânimo.
Neles encontro energia e paixão.
Neles não há beleza, nem fealdade.
Apenas gesto, força, vontade...
(boas férias para mim :))
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