2 de junho de 2005

Fico chateada, claro que fico chateada!

Mas alguém acredita, sinceramente, que não quero ser feliz??
Alguém duvida que eu, mais que ninguém, quero sentir a mais completa indiferença ao pensar nele e nela??
Mais ainda, alguém põe em causa que eu queira nem sequer me lembrar que eles existem e são felizes??
Quem me acusa de masoquismo já pensou que, por essa ordem de idéias, a leitura que aqui faz também pode ser considerada sadismo??

E a quem passa pela cabeça que este blog pequeno e insignificante tenha importância para mais alguém do que a minha pessoa??
Como podem imaginar que o que escrevo aqui pode prejudicar quem quer que seja??
E como me podem acusar de o tentar fazer propositadamente???
Não vêem que é um delírio atribuir um carácter universal a esta ninharia?!?!
Será tão difícil perceber que isto é o meu quarto, o meu espaço, pequeno e íntimo... um bairro onde as tricas e intrigas só interessam aos vizinhos??

A maior parte de quem lê regularmente não me conhece e, mesmo quem me conhece, muitas das vezes não sabe quem são as pessoas que aqui menciono.
O anonimato (meu, dos mencionados e dos que lêem) é gratificante e permite a exposição.

Estou cansada de ter que justificar o que escrevo ou o que deixo de escrever.
Como se tivesse que defender honra, dignidade e valores.

Gostei da opinião de um amigo que compreendeu que o diário reflecte o meu estado de espírito (para o bem ou para o mal) e que é um logro ilusório descrever grandes alegrias quando por dentro me sinto em pedaços.
Ele percebeu que, para mim, escrever funciona como catarse e purga.

Gostava de ter a força de quem me critica, a confiança de quem me dá força, a convicção de quem me vaticina um futuro brilhante, feliz e risonho.
Mas porque não admitimos que todos temos a nossa forma bem particular de viver e sofrer?
Talvez me lamente e chore muito mais do que qualquer um de vós, mas tenho a esperança de não demorar anos a recobrar-me de uma relação falhada.
Tenho fé que sofrerei tudo de uma vez e exorcizarei todos os fantasmas.

Mas desde quando conseguimos dominar a velocidade com que nos assalta um pensamento?
E desde quando amordaçar a palavra consegue calar uma idéia ou um sentimento?