17 de maio de 2005

Comentário

"A net é a vida real, nem mais. Porque no fundo é impossível ser queriducho na net e cabrãozinho lá fora sem que isso passe desapercebido. Posts divertidos equivalem a gente divertida, os secas nos blogues são chatos até a contar anedotas, os tristes e depressivos não escapam ao lexotan ao pequeno-almoço e a filha da putice cheira-se até nas palavras escritas. O azedume não se esconde, essa é que é essa. E mais, l(v)ê-se à légua quais são as gajas boas, as que têm um bom par de pernas e são felizes no matrimónio. Por isso não me acredito nas duplas personalidades, na esquizofrenia blogueira. E é impossível fingir uma vida que não se tem, por muito bem que se tente escrever."



Há uns dias, li este comentário aqui e fiquei pensativa até agora.

Será que concordo?

O meu discurso já foi muitas coisas neste blog... actualmente, anda mais pelas bandas do depressivo... mas ainda me vou escapando ao lexotan.

Aqui não consigo, realmente, esconder a amargura, o desânimo e a humilhação... mas acredito que, quem não tiver o hábito de me ler neste cantinho da minha alma, será incapaz de afirmar que atravesso tal fase da minha vida.
Isto porque não tenho ficado em casa a soluçar.
Saio com amigos, vou ao cinema, ao teatro, à praia, ao ginásio.
Janto fora, vou ao futebol, ando de patins, converso e rio com vontade.

Pode mesmo acontecer que os que convivam comigo se apercebam menos do que vocês que nunca me viram.

Realmente sou chata e não tenho o mínimo jeito para contar anedotas... mas parece-me que conseguimos ser muito diferentes falando ou escrevendo.
Eu posso ser muito mais agressiva por escrito e, sem me olharem nos olhos, muitas vezes as minhas palavras soam frias e vingativas.

Quanto ao bom par de pernas, sei que já foram melhores... mas continuo a achar que não sejam de deitar fora... o que não sei, sinceramente, é como é que alguém pode avaliar isso pelo que escrevo.

E, finalmente, mal ou bem, o que escrevo aqui são tão simplesmente pedaços da minha vida... enfadonha, engraçada, entediante, alegre, frustrante... o que vos posso dizer é que, feliz ou infelizmente, nada disto é fingido.