22 de fevereiro de 2005

Quid Pro Quo

Este foi, sem dúvida, um dos posts que mais me custou escrever.
Mas, seguindo na senda do 'blog como terapia', não queria, nem podia evitar o assunto.
Aliás, não sossegaria enquanto não escrevesse sobre ele.
Correndo o risco de ofender quem não merece, here goes nothing...

Há uns tempos atrás, tive um quid pro quo com a Carlota.
A Carlota é a melhor amiga do meu ex-namorado.
Foi através dela que eu o conheci, foi ela que nos apresentou.

Quando eu e ele acabámos, a minha primeira atitude foi banir tudo o que se relacionava com ele.
Escondi as fotos, apaguei o endereço de mail e os números de telefone, devolvi tudo o que lhe pertencia, paguei as minhas 'dívidas' e... eliminei os amigos dele da minha vida.
Foi tudo relativamente fácil (no caso dos amigos dele, então, até parece que foram eles que me baniram a mim).
Excepto no que diz respeito à Carlota.
Eu já a conhecia muito antes dele entrar na minha vida.
E cortar relações com ela, implicaria, entre muitas outras coisas, colocar os nossos amigos comuns em posições extremamente desconfortáveis.
Assim sendo, atestei o meu coração de coragem e mantive a proximidade possível.

Mas a conversa que tive com ela, na altura da separação, mantém-se perfeitamente actual.
Pensar na Carlota é pensar nele.
Falar com a Carlota é ter de ouvir o nome dele.
Acompanhar a vida da Carlota é saber uma boa parte da vida dele.
Já cheguei mesmo a comprar bilhetes para um teatro, a pedido da Carlota, sabendo que um dos bilhetes seria para ele.

E para provar o que digo, recentemente, em situações distintas quase seguidas no tempo, fui mais uma vez involuntariamente relembrada da sua existência.
Na primeira, a Carlota ligou para a pessoa com quem eu estava e, no decorrer da conversa, mencionou que estava com ele.
Na passada sexta-feira, uma amiga comum contou-me que tinha estado com os dois.
Ontem foi a própria Carlota que me disse que tinha ido ao cinema com ele no sábado.
E hoje também estarão juntos para dar as boas vindas a um amigo que regressou de férias.
As suas existências são tão indissociáveis que, por vezes, parece que perdi o meu namorado para a sua melhor amiga.

Sempre fui apologista da verdade... por muito que doa e doa a quem doer.
Que posso eu fazer?
Pior... que pode ela fazer?
Como extirpar uma memória que é alimentada pela existência de amigos comuns?
Como esquecer quando tanta coisa o mantém vivo no meu pensamento?
E eu quero tanto esquecer...