Este fim de semana vi o filme 'Carandiru'.
E, há algum tempo atrás, tinha assistido ao 'A Cidade de Deus'.
Impressionantes, ambos!
Para quem, como eu, é assumidamente comercial em relação ao tipo de filmes de eleição ('americanadas' é comigo mesmo), devo dizer que ambos me surpreenderam pela 'facilidade' com que se vêem. E mais ainda pela qualidade que apresentam.
Mas a realidade que retratam é, no mínimo, arrepiante.
'A Cidade de Deus' conta-nos epidódios verídicos no dia a dia de uma favela do Rio de Janeiro (a 'Rocinha', se não me engano).
'Carandiru' faz o mesmo, mas em relação à famosa prisão de S. Paulo, agora implodida.
Dois ambientes com regras muito particulares.
Onde a Vida vale o que vale e não vale nada.
O lado selvagem de quem cresceu sem pai, sem mãe, sem dinheiro, sem educação...
O lado negro de quem brincou com armas em vez de bonecos, de quem matou antes dos 10 anos, de quem morreu ou viu morrer antes dos 5.
O lado assustador de quem manda mais que a Polícia, que o Governo, impondo à força a sua própria Lei, criando 'fronteiras' intransponíveis dentro do próprio País.
O clima de guerra e terror que se instala quando o confronto rebenta.
A droga (vendida e consumida), a prostituição (negócio e sobrevivência), o estupro, como dizem os brasileiros, único crime imperdoável (sofrido e praticado), a homossexualidade (assumida ou inevitável), os assassínios, os roubos, a conveniente marginalização, a revolta de quem se sente sempre 'credor' da Sociedade, a violência sempre presente.
A injustiça e a miséria...
Como diz uma personagem do filme 'Carandiru':
"Sem Chance!"
9 de agosto de 2004
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