30 de setembro de 2004

Com três letrinhas apenas

Ah, Portugal!!
País de vénias e deferências.
Terra de doutores e engenheiros.
Quem não o é, nada vale, nada importa.

Como sabemos, licenciados temos muitos (até mesmo no desemprego).
Mas doutores, nem por isso.
No entanto, qualquer 'cursozeco' (como o meu, por exemplo... ;)) de 4 ou 5 anos, dá-nos o 'direito' a usar o título honorífico "Dr.".
E como gosta o Português de o usar...

Quando terminei a minha licenciatura, ainda inebriada pela Benção das Fitas, pelo Baile e pela Viagem de Finalistas e, principalmente, pela sensação de liberdade que nos dá a conclusão e o atingir de um objectivo desejado, achei-me no direito de também abusar da mesma (o que era eu a menos que tantos outros?) tendo pedido para adicionarem as letrinhas 'Dra' ao meu nome no cartão MB acabadinho de emitir.
Quando o fui levantar, o funcionário do respectivo banco estava algo ocupado e tardava em atender esta gaiata de 23 anos, pequena e miúda. Quando finalmente o fez, pediu-me o nome e lançou-se à descoberta do meu cartão, mais um entre tantos que aguardavam os seus respectivos donos. Ah, mas quando o descobriu...
"Teresa? DRA. Teresa???"
O tratamento e a atitude modificaram-se instantaneamente.
O respeito, a deferência, para exactamente a mesma pessoa.
As pessoas que aguardavam a sua vez, olharam-me com admiração e curiosidade.
A seguir a isso, só me lembro o quanto corei e o quanto desejei nunca ter adicionado ao meu nome aquelas 3 malditas letrinhas.
Ficou-me de emenda e de lição!

Hoje sou naturalmente tratada por 'Dra. Teresa'.
Habituei-me à distinção que se faz na minha empresa a quem possui ou não formação superior.

Mas aprendi, naquele dia, naquela agência bancária, que o respeito, a atenção, o atendimento, a consideração, a reverência (o SALAMALEQUE, portanto) devido a uma pessoa, em Portugal, varia consoante o conjunto de letras que precede o seu nome.

29 de setembro de 2004

Blogosfera

Têm noção de quantos Blogs existem naquilo que alguém já apelidou de 'Blogosfera'?
Eu não!

Visito diária e religiosamente apenas 3 Blogs (além do meu, é claro).
O da 'Carlota', o 'Ninho das Águias' e a 'Caixa de Costura'.
Visito-os porque me divertem e dispõem bem.
Visito-os porque me agrada a forma como encaram os temas que tratam, porque abordam a actualidade de uma forma inteligente ou, tão somente, porque são leves, humildes e despretensiosos mas, apesar disso, extremamente bem escritos.

Por visitar estes, acabo por, de vez em quando, dar uma saltada a um ou outro blog fora da minha blogosfera pessoal.
Aí descubro novos mundos...
Afinal, para surpresa minha, existem blogs pesados, maledicentes, engraçados, de cariz sexual, poéticos, de engate (assumido ou dissimulado), especializados (políticos, desportivos,...), etc, etc.
Em alguns blogs vejo, por vezes, inúmeros links para outros tantos que continuam a encadear-se noutros tantos, numa teia sem fim à vista.

O que verdadeiramente me surpreende é a percepção da quantidade de pessoas que escrevem (bem ou mal, não é a questão).
Já para não referir blogs estrangeiros, é impressionante o número de 'escritores' existente neste cantinho à beira mar plantado.
Dá para pensar, não acham?
Porque existirá esta necessidade de expôr sentimentos e idéias a amigos, família, conhecidos e desconhecidos?
Será apenas porque é moda?
Porque escrevemos em vez de falar?
Será o apelo da possibilidade de algum tipo de fama ou notoriedade?
Enquanto não me faltar assunto, eu cá vou falando e escrevendo o que me vem à cabeça.
Mas chego à conclusão que o meu blog é incomparavelmente insignificante e apenas mais uma gota no oceano 'bloguista'.
As minhas deambulações pela 'blogosfera' só servem para confirmar a minha idéia original:
a importância do 'Diário da Teresa' consiste apenas na felicidade que sinto sempre que leio mais um comentário.

28 de setembro de 2004

Cantada

Levei uma cantada!
De um brasileiro, quem mais? ;)

É impressionante a facilidade e o à-vontade com que um brasileiro aborda o resto do mundo, independentemente das suas intenções ou dos seus objectivos.
Parece inato... talvez seja.
Sem maldade, sem nunca faltar ao respeito, um brasileiro é capaz de elogiar o sorriso, o charme, o corpo e a alma de uma mulher.
Pergunta o que quer saber, sem vergonha de o fazer e com uma ingenuidade e curiosidade quase infantil.
"É cásáda? Tem námorádo? Ondje cê móra? Móra com á sua família? Como é seu nomi?"

Talvez seja o calor do seu clima ou simplesmente a natureza do seu povo.
O que é certo é que o Brasil pode ensinar-nos muito em termos de espontaneidade, comunicação e alegria de viver, nunca perdendo de vista as regras da boa educação à moda antiga.

E com o número crescente de brasileiros entre nós, não duvido que a aprendizagem já tenha começado...

24 de setembro de 2004

Nostalgia

Como li no blog da Carlota, há algum tempo atrás, o meu programa de rádio favorito, "O Programa da Manhã", na Best Rock FM, terminou (comigo sempre a pensar que era apenas o período de férias dos seus principais intervenientes).
Mas não, o programa terminou mesmo... pelo menos, terminou no formato que eu gostava e desapareceu o apresentador que eu apreciava.

Alguém me disse que o Pedro Ribeiro estava agora no Rádio Clube Português!
Surpresa, estupefacção!!
Não é que é verdade??
"Manhãs do RCP", assim se chama o novo programa do Pedro, com direito a concurso e tudo!

É estranho ouvi-lo naquela estação, passando as 'grandes malhas' do passado... tentando ainda manter um pouco do espírito do "Homem que Mordeu o Cão" ao contar uma ou outra notícia engraçada, mas completamente submerso no espírito da sua nova casa.

Hoje ouvi Barbra Streisand, Tina Turner (altura em que o Pedro Ribeiro se deixou levar pela sua estação antiga ao dizer: " 'The Best' da 'Best' "... ooops) e Barry Manilow, imaginem ("Can't smile without you"... seria alguma mensagem 'codificada'?).

O que me deixou a pensar é até que ponto um programa é a pessoa que o apresenta e não o seu conteúdo, como seria de esperar.
Pelo menos no meu caso, eu vejo e ouço ou deixo de ver ou de ouvir um programa ou um filme, consoante quem o integra.
Senão vejamos:
O "Programa da Manhã" da Best Rock já não me atrai, apenas porque o Pedro Ribeiro já não o apresenta, ainda que o seu conteúdo se tenha mantido perfeitamente inalterado.
O 'Elo Mais Fraco' perdeu toda a graça quando a Luísa Castel Branco tomou conta da sua apresentação.
O "Quem Quer Ser Milionário?" nunca foi tão apelativo como quando o Jorge Gabriel se tornou seu apresentador.
E digam-me, sinceramente, que graça teria, por exemplo, "Lendas de Paixão" ou o "Meet Joe Black" sem o Brad Pitt no principal papel? ;)

Pergunta...

... do dia, da semana, do mês, do ano, do século!!

"Quando mesmo no reino animal, até o ser mais selvagem protege as suas crias, por vezes à custa da própria vida, como se explica que o ser humano seja capaz de matar um filho à pancada por 12 euros???????"

22 de setembro de 2004

Quanto tempo dura o Amor?

Já ouviram falar da Maitena?
A Maitena é uma autora argentina de livros de banda desenhada que satirizam a 'Vida Moderna' e a dita 'Mulher Moderna', rondando os 30 anos: solteira, independente mas, no fundo, profundamente instável e algo neurótica... ;)
Como também 'rondo' os 30 anos, considero que ela nos descreve (e à generalidade dos vários aspectos da nossa vida profissional e pessoal) na perfeição! :)

Há uma BD em particular que me serviu de título a este post, hoje.
It goes something like this:
"Quanto tempo dura o Amor?"
Nos anos 40: "Até ao fim dos tempos, céu incluído!"
Nos anos 50: "Até que a Morte nos separe!"
Nos anos 60: "Até que deixemos de nos amar!"
Nos anos 70: "Até que deixe de resultar"
Nos anos 80: "Quem sabe?"
Nos anos 90: "Que Amor?"

Fascina-me (no mau sentido) a fugacidade das relações.
O encarar o outro como 'temporário' ou 'até que apareça algo melhor'.
Mesmo não acreditando cegamente no 'felizes para sempre', gosto de acreditar que a pessoa com quem estou veio para ficar... para sempre e não só de passagem.
"O Amor, quando é verdadeiro, não se pensa no fim!" já diziam os 'Só pra Contrariar'.

A frase "Enquanto não encontrares a pessoa certa, diverte-te com a errada" arrepia-me.
No que a mim diz respeito e no que às relações concerne, adopto muito mais a filosofia : "Mais vale só do que mal acompanhada".

Em muitos aspectos, sinto-me ainda nos anos 40 e 50... mesmo nunca tendo vivido neles.
Admito que é preciso maior coragem para enfrentar e pôr termo a uma realidade indesejada e não sonhada do que para continuar a suportá-la.
Mas confunde-me a capacidade de estarmos com alguém só para não estarmos sós.
Não conheço maior sinal de solidão.
Mais que solidão, chega a roçar o limite do egoísmo quando 'prendemos' a nós uma pessoa que não assumimos 'para sempre'.

Ver este tipo de situações incentivado em frases e comportamentos é, no mínimo, assustador.
E deixa-me perplexa que o conceito e a necessidade de espaço individual se sobreponham à importância da Paixão e do Amor.
Sou uma romântica, já sei.

Mas vejo-me obrigada a concordar com a Maitena.
Hoje em dia, a pergunta que se impõe não é "Quanto tempo dura o Amor?" (quando ele existe é para sempre), mas sim:
"Que Amor?"

20 de setembro de 2004

Seven

Pois é, são 7 os Pecados Mortais!
A saber:
A Ira, a Cobiça, a Inveja, o Orgulho, a Preguiça, a Gula e a Luxúria.

Às vezes aflige-me pensar como é fácil cair na tentação de qualquer um deles.
E essa 'aflição' vem directamente da minha educação católica praticante, onde me foi incutido o respeito e o temor pelo correspondente 'castigo'.

Mas qual de nós pode dizer que nunca incorreu em nenhum destes pecados?
Not me, for sure!

A Ira
Enfureço-me quase diariamente, com coisas e temas variados e, por vezes, até nem muito relacionados comigo, directamente.
Injustiças, faltas de respeito, má educação, prepotências, egoísmo... tudo isto me deixa fora de mim! Irada, mesmo!

A Cobiça
Há coisas impossíveis de não serem cobiçadas.
Vejam o exemplo do Brad Pitt, entregue exclusivamente à Jennifer Anniston.
Ou o Reynaldo Gianechini nas mãos da Marília Gabriela...
Onde está a justiça de tais situações? ;)

A Inveja
É difícil para mim fazer uma distinção clara entre estes dois pecados.
A Inveja confunde-se com a Cobiça, numa teia de emoções e sensações que nunca deveriam ser sentidas.
A viagem de sonho, feita por um grupo de amigos.
O ordenado pretendido, atribuído a um recém-licenciado.
O carro desejado, posse de um outro alguém.
O emprego ou a ocupação ideais, totalmente fora do nosso alcance, do nosso domínio e da nossa capacidade.
A minha Inveja e a minha Cobiça são, no entanto, mais refinadas.
Eu não gostaria que os outros não tivessem.
Eu gostava era de ter também! :)
Mas estes dois pecados são os mais perigosos de todos.
Na frustração de desejar apenas o que outros possuem, esgota-se a possibilidade de usufruir do que se tem de 'invejável' na nossa própria vida.

O Orgulho
E 'prontos'!
Eis mais um pecado que me atraiçoa mais vezes do que eu gostaria.
Orgulho-me estupidamente de quem gosto de verdade.
Se bem que muito mais raros, também existem momentos em que me orgulho de mim mesma.
Até penso que o pecado não reside no Orgulho, propriamente dito, mas nas consequências do mesmo.
A cegueira e a prepotência de pensarmos que a nossa sabedoria, o nosso talento e a nossa vontade se sobreporão a tudo o resto.
Esse é o verdadeiro pecado!
(Porque será que me veio à ideia o Pinto da Costa e o seu tão amado FCP?? ;))

A Preguiça
Ai, a Preguiça...
Só de pensar até perco a vontade de continuar a escrever. ;)
Alguém me explique porque foi considerado pecado algo tão bom??
Um Domingo inteirinho, de papo para o ar, ao sol, a ler um bom livro e a ouvir a nossa música preferida.
É claro que o pecado se refere à Preguiça 7 dias por semana, 31 dias por mês, 365 dias por ano.
É claro que se refere à falta de vontade de trabalhar e ao ócio como pai de todos os vícios.
Mas quem dará valor à Preguiça, afinal, se não trabalhar?

A Gula
Este é impossível negar.
Todos nós, sem excepção, já o cometemos.
Não precisa ser um doce, pode ser um salgado.
Não precisa ser uma comida, pode ser uma bebida.
Não precisa ser uma sobremesa, pode ser uma entrada.
Não precisa ser algo específico, apenas a quantidade do mesmo.
Mas o que é certo é que todos nós já cedemos à tentação de algo que, de certo modo, é 'proibido'.
Fazer o quê?
O Ser Humano é guloso por Natureza!

A Luxúria
Quanto a este pecado, tinha pensado reservar o direito de não comentar.
Mas vou dizer apenas o seguinte:
O que vejo, nos dias que correm, é não apenas a Luxúria, mas o Orgulho em praticá-la e em dizê-lo ao Mundo.
Ou seja, este é o Pecado "2 em 1", o Pecado "Pague 1 Leve 2", dos tempos modernos.

O texto já vai longo e longe de mim maçar-vos! ;)
Além disso, ao escrever no meu blog posso sempre ser acusada de, pelo menos, 3 Pecados Capitais: a Preguiça (para o trabalho, claro), o Orgulho (que bem me sabe quando recebo comentários de quem o lê) e a Luxúria (o prazer que tenho em publicar mais um texto aproxima-se de uma das definições que encontrei para este pecado: 'satisfação íntima'... ;))
Enfim...
Deixo-vos, para meditação, com a clássica questão:
Porque será que tudo o que gostamos é prejudicial à saúde, ilegal ou pecado??

16 de setembro de 2004

"Italians do it better"

Tive mesmo que escrever sobre isto! :)

Já repararam nas equipas de futebol italianas?
Seja no 'Calcio', seja a própria selecção, seja até mesmo as equipas de arbitragem, não há dúvida que estamos a falar de 'outro campeonato'! ;)

Diz quem já visitou a Itália que o povo que por lá habita prima pelo culto do corpo e pela beleza e vigor físicos.
Quer sejam homens ou mulheres, o que é certo é que os italianos são naturalmente bonitos e os que não o são não deixam esse detalhe nas mãos da Mãe Natureza.
À sua beleza esbelta e morena aliam a arte de bem vestir e o talento inato para a 'produção' pessoal.
Assim sendo, o futebol não foge à regra.

Os equipamentos são inovadores e vanguardistas (ou não, uma vez que não se vêem as equipas de outros países a adoptarem-nos). São, geralmente, muito mais justos e com golas bem chegadas ao pescoço o que, apesar de ser muito mais agradável à vista, pode eventualmente tornar-se desconfortável para os jogadores.
Os cabelos, compridos ou curtos, com ou sem gel, com fitas, bandoletes ou elásticos, parecem sempre preparados para uma qualquer capa de revista de moda masculina.
As peles e os dentes são bonitos e bem tratados (o Cristiano Ronaldo já lhes está a seguir os passos... até aparelho nos dentes já usa!).
E depois existem nomes como Maldini (nos bons velhos tempos, mas o filho, não o pai!), Nesta (que perfeição), Canavarro (único defeito, a pouca estatura), Totti (compreendo que possa agradar, ainda que não seja, como já perceberam, o meu favorito), Del Piero, Inzaghi ('Pippo' como carinhosamente lhe chamam os fãs), etc, etc,...

Check out Canavarro despido do referido equipamento:


No 'Calcio', até mesmo os árbitros são bonitos!

Não há dúvida que, em termos de moda e beleza, italians really do it better! :)


15 de setembro de 2004

IMI

O IMI - Imposto Municipal sobre Imóveis (anterior Contribuição Autárquica) é um mistério para mim!

Para que serve, afinal?
Para não existir um Ponto Verde perto da minha casa?
Para não ter sequer contentores do lixo a menos de 100 metros?
Para não ver o jardim em frente da minha casa cuidado e limpo (ramos das árvores aparados, relva limpa de porcaria de cão)?
Para não ter arruamentos em condições e passeios construídos/reparados e cuidados?
Para não ter passeios limpos de lixo e ervas? E desinfectados de urina, saliva e outros dejectos?
Para não ter assistência imediata em caso de fugas de água nas ruas?
Para não ter iluminação a funcionar?
Para não ter estacionamento suficiente e disponível?
Para não sentir segurança quando chego a casa de madrugada?

Se alguém souber, que me explique...
Onde e em quê é, afinal, empregue o valor que entregamos religiosamente todos os anos?

Perdoem o desabafo... deve ter sido o meu lado comunista outra vez a falar mais alto!!

14 de setembro de 2004

"Portento"



do Lat. portentu
s. m.,
coisa ou sucesso prodigioso;
maravilha;
pessoa de talento extraordinário.

É assim que me apetece definir a Madonna e, em particular, o concerto a que assisti ontem.

Não afirmo que a Madonna tenha uma voz extraordinária.
Não defendo a qualidade das suas músicas.
Mas uma coisa é certa:
A forma física, o carisma e a força desta mulher de 46 anos, mãe de dois filhos, são impressionantes, envolventes, únicos.
O seu verdadeiro talento reside, sem dúvida, na arte de liderar tendências, criar modas, reinventar-se permanentemente.
A sofisticação, a tecnologia tão artisticamente utilizada, a extravagância e a polémica a que já nos habituou...
O seu concerto foi verdadeiramente um espectáculo!

De muitos outros artistas, provavelmente o que assistimos ontem seria, tão somente, uma 'salganhada'.
Mas, desde a gaitas de foles e saias escocesas, até ao 'disco sound', passando por John Lennon e a guerra do Iraque, tudo foi utilizado com um fim muito específico.
Esta 'menina' está muito mais política e socialmente interventiva e muito menos provocante e atrevida. Deve ser a idade... ;)

O que é certo é que, como sempre, não tem pruridos em cantar aos 7 ventos o que defende como pessoalmente correcto (agora, quase sempre, também politicamente correcto).
Ontem, assisti a milhares de pessoas a cantar o 'Imagine' do John Lennon, contra o terrorismo (simplesmente arrepiante)!
Vi-a vestida à militar, apresentando armas como se de um soldado se tratasse, com o Bush, como cenário, descansando no ombro do Saddam.
Ouvi-a criticar Hollywood e a mente pequenina do seu país.
Testemunhei a utilização da imagem de Jesus e outros sinais religiosos só para bem do espectáculo e da sua mensagem.

Enfim, tudo lhe assenta como uma luva, tudo parece seguir um desígnio, tudo é milimetricamente previsto e ensaiado.

Só uma coisa a assinalar.
O meu patriotismo obriga-me a dizer que a frase contra o terrorismo estava em espanhol e que a bandeira de Portugal não figura entre as tantas que se vêem durante a música 'Holliday' (onde estão, afinal, as 'every nation'??).

13 de setembro de 2004

"Quem tem filhos...

...tem cadilhos! Quem não tem, cadilhos tem!"

É um ditado bem antigo e penso que só quer dizer que qualquer 'tipo de vida' tem sempre vantagens e inconvenientes.
Se somos casados, invejamos os solteiros.
Se somos solteiros, adorávamos ser casados.
Se não temos filhos, sonhamos com o dia em que isso virá a acontecer.
Se já os temos, suspiramos pela vida descansada de quem não os tem.

Enfim, nunca estamos satisfeitos...
Muitas vezes não conseguimos enxergar o que a nossa vida tem de bom no presente e, por esse motivo, não chegamos a disfrutá-la correctamente, sempre na ansiedade do futuro.

Este fim de semana estive num baptizado!
Os convidados, quase todos da idade dos pais da criança baptizada, tinham, também eles, levado as suas crias.
Ora, o que me deixou intrigada foi o facto de que o único tema de conversa no decorrer da festa foi, única e exclusivamente, a Paternidade e os Filhos.
Compararam-se os sons dos choros, as rotinas do sono dos bébés, as feições e expressões faciais, as roupinhas e os brinquedos, contaram-se as gracinhas das crianças e as horas de sono dos papás, trocaram-se idéias e truques para gastar menos e descansar mais...

O que será que muda depois da Paternidade?
Será que deixamos de ser indivíduos com interesses, actividades, gostos, hobbies, empregos, para passar a ser, única e exclusivamente, pais e mães de alguém?
Será que tudo o resto no Mundo perde a devida dimensão?
Ou será que a ganha, finalmente?

10 de setembro de 2004

Casas de Banho



Não cesso de me admirar com o que leio nas paredes e portas das casas de banho públicas.

Desde declarações de amor até denúncias sobre comportamentos alheios, passando por anúncios mais ou menos decorosos, desenhos, poesia erudita e popular e discussões acesas (tipo fórum, onde cada um pode dar a sua opinião), tudo se pode ler e encontrar nestes locais.

Pergunto-me que tipo de pessoas se entreterá a escrever o que depois qualquer utilizador daquele WC lerá?
Que tipo de satisfação ou recompensa trará ao seu autor?
Será apenas uma outra forma de 'blogar'? ;)

9 de setembro de 2004

A propósito...

... de nada!
Só pela beleza da frase e pela verdade do conteúdo.
Este rapaz anda a surpreender-me pela positiva (apesar de ser do FCP... ;)).
Já não bastava o 'Equador', agora isto:

"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares sobre sua mãe Sophia de Mello Breyner...

8 de setembro de 2004

Saga

Questão do Dia:
"Que fazer quando não confiamos nos nossos médicos?"

Nos últimos tempos, vi-me envolvida numa 'saga estomatológica'!

O meu dentista de sempre reformou-se, deixando o seu consultório entregue à filha.
Na minha primeira consulta com a referida personagem, eis que me vejo deparada com o 'facto' de que possuía 3 ou 4 cáries a precisar de tratamento.
O diagnóstico foi feito sem recorrer a exames complementares, tais como uma simples radiografia. Ou seja, a conclusão resultou de uma simples observação 'a olho nú'!

Por um acaso do destino, vi-me obrigada a consultar um outro dentista (de quem não possuía as menores referências) que, efectuando o mesmo exame 'a olho nú', não identificou nenhuma cárie. Nem uma!
Estranhando que a médica anterior o tivesse conseguido fazer, recusou-se a levar a cabo qualquer tipo de tratamento, sem antes realizar à minha boca uma radiografia panorâmica (fiquei a saber que este termo também se aplica à estomatologia...).
Já de posse da desejada radiografia, voltei ao mesmo médico que, após análise da mesma, me informou que havia apenas uma situação a cuidar. Não exigia tratamento urgente, mas seria aconselhável não a esquecer.

Finalmente, e para tirar dúvidas, decidi procurar uma 3ª opinião.
Dirigi-me a uma clínica, destas modernas, onde o staff é jovem e as normas, nomeadamente as de higiene, são sempre segundo alguma grande e conceituada instituição internacional...
Levei a famosa radiografia.
Qual não é o meu espanto quando, após um aturado check-up inicial, recebo a agradável notícia de que tenho uma excelente higiene oral (se tivesse ouvido o contrário, de certeza que não vos diria... ;)), não possuo uma única cárie, nem é, neste momento, necessária a costumeira destartarização e não existe sequer nenhuma situação a vigiar!

E agora???
Em quem confiar??

Fora de brincadeiras, alguém conhece um dentista honesto, fiável e bom profissional que me possa indicar?

7 de setembro de 2004

Coisas que me irritam...

Na Rua

- Condutores que não param nas passadeiras;
- Transeuntes que percorrem os passeios como se os tivessem pago para utilização exclusiva (não se desviam, obrigando os restantes a recorrer à estrada para não serem abalroados);
- Passeios nojentos (note-se que os animais não são de culpar...);
- Pessoas que não pedem licença e não agradecem quando se lhes dá passagem;
- 'Gente' que cospe para o chão e urina nas esquinas;
- Piropos ordinários;
- Pedintes e 'vendedores' que não aceitam, à primeira, um 'Não' como resposta;
- Questionários que nos prometem demorar 5 minutos e acabam por levar meia hora;
- O medo que nos acomete e a atitude desconfiada e receosa quando se avista alguém 'mal encarado' (que triste fico por pensar que posso estar a interpretar 'mal' uma pessoa honesta).

O Homem está cada vez mais rude e prepotente, apesar de tantas leis e regras impostas (ou será por causa delas?).
Falta-lhes ao respeito sistematicamente e, mais grave ainda, não cumpre as mais básicas regras morais e éticas... nem sequer as da boa educação!
Atropela-se e inibe escrúpulos para atingir os seus fins.

Devo estar a ficar velha e intolerante porque só me apetece dizer:
"Onde iremos nós parar?"

6 de setembro de 2004

Sede de Mudança

Recentemente, fui atacada por uma febre que dá periodicamente a tantos indivíduos do sexo feminino: a Sede de Mudança.
Afecta-nos a vários níveis: vestuário, decoração, habitação...
Penso que, no caso dos indivíduos do sexo masculino, esta febre ataca mais a nível profissional e, infelizmente, a nível emocional (antes era a crise da meia idade, agora já não escolhe idades...).
Mas não vou por aí...
Não me sinto, neste momento, com capacidade para desbravar esse mundo ainda tão obscuro para mim: o Planeta dos Homens. ;)

Mas nós, as Mulheres, somos realmente assoladas pela monotonia, pela rotina e pela falta de novidades 'estéticas'.
Pelo menos, eu sou.

O nosso roupeiro, ao fim de algum tempo, sem as referidas novidades, provoca-nos a exclamação: "Não tenho nada para vestir!"
O sofá, eternamente em repouso no mesmo canto da sala, faz-nos suspirar com uma resignação mal conseguida.
A nossa casa torna-se mais pequena e menos atraente com o passar dos anos.
A solução (para quem não pode comprar outra) é renovar, remodelar!

Por esse motivo, este fim de semana andei em remodelações! :)
Virei a minha sala e o meu hall completamente do avesso.
Até parece que mudei de casa...
Fez-me sentir também renovada. ;)

No fundo, qualquer Mulher defende a 'filosofia ecológica' dos 3 R's:
"Reduzir, Reutilizar e Reciclar"!
Só que, neste caso em particular, trata-se apenas de Reciclar o desperdício e Reutilizar o aproveitável, tentando Reduzir ao máximo os gastos. ;)

Beslan

Não pensem que é coincidência, falta de interesse ou desconhecimento, a ausência de um post sobre o massacre na Rússia (Ossétia do Norte?? Nunca tinha ouvido falar e, por semelhante motivo, preferia nunca ter ouvido!).

Simplesmente, recuso-me a comentar tal atrocidade.
Acho que, mesmo que quisesse tentar, não teria suficientes palavras de revolta no meu vocabulário. :(

3 de setembro de 2004

O Véu

Existem leis absolutamente incríveis!

Algumas pelo simples facto de que, mesmo que não existissem, cumprir o que ditam me pareceria apenas uma questão de bom senso.
Porque será que existe a lei do silêncio entre as 22h e as 10h da manhã?
Não será lógico que, durante a noite, e salvo raras excepções, se deverá respeitar o sono dos outros?
E a velocidade dentro de uma localidade e perto de escolas, por exemplo?
Não será evidente que se deverá circular com maior precaução e cuidado em locais onde adultos e crianças circulam a pé?
E a proibição de atirar coisas pelas janelas de um veículo?
Seremos todos tão porcos que precisemos de uma lei a dizer o óbvio?

Será o Homem tendencialmente mau e, sem leis a impôr regras, comportar-se-ia como um animal?
Quando li 'O Ensaio da Cegueira', do talentoso Saramago, impressionou-me pensar que aquele cenário era realmente possível, e talvez mesmo provável, numa terra sem lei, nem rei.

Por outro lado, existem outras leis que tentam contrariar a liberdade individual e o direito de escolha.
E, por mais incrível que pareça, algumas chegam mesmo a ver a luz do dia!
A última (que eu saiba) aconteceu em França.
Quem se lembraria de proibir o uso do véu muçulmano às crianças dessa religião?
Não vos faz lembrar, em moldes ligeiramente diferentes, a perseguição nazi à religião judaica?
Qualquer dia vetam o uso de roupas amarelas, por exemplo, ou a utilização de adornos (anéis, pulseiras ou, nomeadamente, a cruz ou as imagens de santos, usadas por tantos católicos) ou criam a obrigação de usarmos todos cabelo curto.

Porque será tão difícil ao Homem aceitar que a Liberdade de um Indivíduo termina onde começa a Liberdade de outro Indivíduo??

1 de setembro de 2004

Destino

Ultimamente, aqui no blog, ando muito pelas áreas que fogem ao plano material, físico, palpável.

Devido a um acontecimento recente na minha vida, voltei a pensar num assunto que me intriga: o Destino!
Tenho uma amiga que acredita que o que tem que ser, tem muita força. Por experiência própria, correu riscos na sua vida pessoal, deu e continua a dar todas as chances ao Destino e tem constatado que, mesmo quando tentamos 'remar contra a maré', mais cedo ou mais tarde, o inevitável acaba mesmo por acontecer.

Ora o que me interrogo é se será mesmo assim.
Se, mesmo podendo ajudar o Destino, o temos traçado assim que nascemos.
O que gosto de acreditar é que, mesmo não entendendo imediatamente o que de mau nos acontece, o que é certo é que existe algum motivo para ter acontecido.
É aquela velha história do "fecha-se uma porta, mas abre-se uma janela".

E isto aplica-se a variadíssimas situações.
Quem sabe a melhor coisa que poderia acontecer a alguém seria perder o emprego?
Isso dar-lhe-ia novas perspectivas, abrir-lhe-ia novos horizontes que essa pessoa nunca teria coragem de perseguir se não fosse a isso obrigada.
Quem sabe, quando uma relação acaba, se não acabou apenas para nos dar a oportunidade de encontrar a nossa verdadeira alma gémea?
Quem sabe se uma mudança forçada no nosso dia- a-dia não nos leva a adquirir novos interesses, a conhecer novas pessoas, a renovarmo-nos a nós próprios como indivíduos?
Quem sabe se a doença de um familiar não é apenas a forma de lhe podermos atribuir o valor que ele sempre teve, mas que nunca havia sido percebido?

Sou pessimista (realista?) no meu dia a dia.
No entanto, gosto de ser optimista nos piores momentos da minha vida.
Mas também vos digo:
Por vezes é tão difícil...