3 de setembro de 2004

O Véu

Existem leis absolutamente incríveis!

Algumas pelo simples facto de que, mesmo que não existissem, cumprir o que ditam me pareceria apenas uma questão de bom senso.
Porque será que existe a lei do silêncio entre as 22h e as 10h da manhã?
Não será lógico que, durante a noite, e salvo raras excepções, se deverá respeitar o sono dos outros?
E a velocidade dentro de uma localidade e perto de escolas, por exemplo?
Não será evidente que se deverá circular com maior precaução e cuidado em locais onde adultos e crianças circulam a pé?
E a proibição de atirar coisas pelas janelas de um veículo?
Seremos todos tão porcos que precisemos de uma lei a dizer o óbvio?

Será o Homem tendencialmente mau e, sem leis a impôr regras, comportar-se-ia como um animal?
Quando li 'O Ensaio da Cegueira', do talentoso Saramago, impressionou-me pensar que aquele cenário era realmente possível, e talvez mesmo provável, numa terra sem lei, nem rei.

Por outro lado, existem outras leis que tentam contrariar a liberdade individual e o direito de escolha.
E, por mais incrível que pareça, algumas chegam mesmo a ver a luz do dia!
A última (que eu saiba) aconteceu em França.
Quem se lembraria de proibir o uso do véu muçulmano às crianças dessa religião?
Não vos faz lembrar, em moldes ligeiramente diferentes, a perseguição nazi à religião judaica?
Qualquer dia vetam o uso de roupas amarelas, por exemplo, ou a utilização de adornos (anéis, pulseiras ou, nomeadamente, a cruz ou as imagens de santos, usadas por tantos católicos) ou criam a obrigação de usarmos todos cabelo curto.

Porque será tão difícil ao Homem aceitar que a Liberdade de um Indivíduo termina onde começa a Liberdade de outro Indivíduo??