22 de setembro de 2004

Quanto tempo dura o Amor?

Já ouviram falar da Maitena?
A Maitena é uma autora argentina de livros de banda desenhada que satirizam a 'Vida Moderna' e a dita 'Mulher Moderna', rondando os 30 anos: solteira, independente mas, no fundo, profundamente instável e algo neurótica... ;)
Como também 'rondo' os 30 anos, considero que ela nos descreve (e à generalidade dos vários aspectos da nossa vida profissional e pessoal) na perfeição! :)

Há uma BD em particular que me serviu de título a este post, hoje.
It goes something like this:
"Quanto tempo dura o Amor?"
Nos anos 40: "Até ao fim dos tempos, céu incluído!"
Nos anos 50: "Até que a Morte nos separe!"
Nos anos 60: "Até que deixemos de nos amar!"
Nos anos 70: "Até que deixe de resultar"
Nos anos 80: "Quem sabe?"
Nos anos 90: "Que Amor?"

Fascina-me (no mau sentido) a fugacidade das relações.
O encarar o outro como 'temporário' ou 'até que apareça algo melhor'.
Mesmo não acreditando cegamente no 'felizes para sempre', gosto de acreditar que a pessoa com quem estou veio para ficar... para sempre e não só de passagem.
"O Amor, quando é verdadeiro, não se pensa no fim!" já diziam os 'Só pra Contrariar'.

A frase "Enquanto não encontrares a pessoa certa, diverte-te com a errada" arrepia-me.
No que a mim diz respeito e no que às relações concerne, adopto muito mais a filosofia : "Mais vale só do que mal acompanhada".

Em muitos aspectos, sinto-me ainda nos anos 40 e 50... mesmo nunca tendo vivido neles.
Admito que é preciso maior coragem para enfrentar e pôr termo a uma realidade indesejada e não sonhada do que para continuar a suportá-la.
Mas confunde-me a capacidade de estarmos com alguém só para não estarmos sós.
Não conheço maior sinal de solidão.
Mais que solidão, chega a roçar o limite do egoísmo quando 'prendemos' a nós uma pessoa que não assumimos 'para sempre'.

Ver este tipo de situações incentivado em frases e comportamentos é, no mínimo, assustador.
E deixa-me perplexa que o conceito e a necessidade de espaço individual se sobreponham à importância da Paixão e do Amor.
Sou uma romântica, já sei.

Mas vejo-me obrigada a concordar com a Maitena.
Hoje em dia, a pergunta que se impõe não é "Quanto tempo dura o Amor?" (quando ele existe é para sempre), mas sim:
"Que Amor?"