Confesso que não gosto de ler as chamadas revistas cor-de-rosa.
Confesso que não gosto de ver noticiários.
Confesso que não sigo telenovelas, nem assisto a reality-shows.
Confesso que os únicos assuntos que sigo com alguma atenção e bastante paixão são, basicamente, desporto (futebol) e cinema.
Pois é, os meus interesses são bastante limitados.
Mas há um motivo para a minha atitude (não há sempre?).
É que tenho um defeito inato: a desconfiança!
Sigo a frase "Confiar, desconfiando".
E, em Portugal e no Mundo, nos dias em que vivemos, é extraordinariamente complicado saber ou perceber onde vive, no final das contas, a Verdade!
Os artigos das revistas cor-de-rosa são fabricados para existir motivo de reportagem, ou melhor, motivo de conversa. São quase sempre as próprias revistas que patrocinam as viagens dos famosos para depois terem a possibilidade de os fotografar em locais paradisíacos.
Mesmo quando não fabricam as suas histórias, vendem-nos a imagem de pessoas 'bonitas' e felizes, tentando passar-nos a idéia de 'vidas perfeitas', quando, no dia seguinte, podem estar a relatar-nos as suas amarguras, separações e depressões.
E, nem uma coisa, nem outra é, habitualmente, a Verdade.
Ficção por ficção, leio um bom livro.
Já as mesmas notícias em jornais diferentes (imprensa, rádio ou televisão) possuem mil caras e factos díspares (disparatados, mesmo) consoante são relatados na TSF, na RTP, no Correio da Manhã, na RFM, na TVI ou no DN, por exemplo.
Inventam citações, deturpam opiniões.
Fora o sensacionalismo típico de alguns agentes de comunicação, ainda há que ter em conta que os próprios intervenientes e protagonistas não têm, a maior parte das vezes, o menor interesse em dar a saber a Verdade.
Se são sindicatos e entidades patronais, as estatísticas apresentadas por cada parte são sempre o mais antagónicas possíveis.
Se são governo e oposição, as alegações de cada parte nunca, mas nunca, são coincidentes.
Se são clubes rivais, no fogo cruzado é impossível perceber quem mente menos.
Se são polícia e ladrão, acabamos por não perceber quem é quem.
A lista é interminável.
Mesmo quando não existem várias partes envolvidas, o simples relato de um facto pode dar origem a um número infinito de versões do mesmo.
Afinal, quantas pessoas morreram num acidente?
Quantos minutos durou um terramoto? Ou que grau atingiu na escala de Richter? E terá sido na escala de Richter ou na de Mercalli?
Quantas pessoas assistiram a um jogo de futebol?
Quanto ganha por mês um determinado atleta, o deputado XPTO ou o Ministro das Finanças?
Qual é a taxa de desemprego em Portugal?
Quantas escolas e quantos alunos estão ainda à espera dos respectivos professores?
Para quê, afinal, devo perder o meu tempo com quem não tem a menor intenção de informar-me mas, bem pelo contrário, apenas em 'deformar' a minha percepção da realidade?
Já lá vai o tempo em que se acreditava no que era veiculado na televisão, nos jornais e nas revistas.
Será pela falta de honestidade e carácter de quem nos 'informa' agora ou serão olhos muito mais abertos e ouvidos muito mais atentos por parte de quem é 'informado'?
E, acreditem, reservo-me o direito de, num próximo post, escrever sobre a Qualidade da nossa 'so called' Informação!
13 de outubro de 2004
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