20 de outubro de 2004

O preço da chuva

Incrível... estou sem palavras!
Perdão.
Afinal, pelo contrário e para não variar, estou cheia das mesmas!

Hoje de manhã ouvi a notícia de que os cafés e restaurantes se preparam para cobrar, aos seus clientes, um simples copo de água ou uma ida à casa de banho.
Do meu pouco conhecimento sobre o sector da restauração, sei que esta actividade tem, na realidade, lucros na ordem dos 400% em produtos como um simples hamburger, por exemplo.
Mas estes valores não parecem ser suficientes para os nossos 'pobres' comerciantes que se estão a ver obrigados a ganhar um dinheirinho extra.

O incrível da questão é que esta atitude vem na sequência de uma medida tomada pelo Governo como uma espécie de 'retaliação' à mesma.
Mas, ao contrário do que seria de esperar neste acto de 'vingança', o lesado não será o Estado, mas sim (e como habitualmente) o Zé Povinho.
Porque do que se trata, no fim das contas, é de manter os bolsos cheios... à custa de quem é secundário.

E que medida tão insultuosa para o sector da restauração foi tomada, afinal??
Ah, pois é!
Os estabelecimentos comerciais deste sector estão a ser pressionados pelos seus clientes, a 'pedido' do Governo, para emitirem facturas/recibo sobre os serviços que prestam e sobre os produtos que dispensam.
Expliquem-me lá, sinceramente, em que se baseia, afinal, a resistência e a indignação deste sector em fazer uma coisa que SEMPRE deveria ter feito?!?!
A emissão de um documento legal comprovativo da prestação de um serviço ou da dispensa de um produto é obrigatória, não apenas para este sector, mas para todas as actividades comerciais.

O que é triste é que grande parte da culpa do 'estado da arte' actual é do próprio Zé Povinho.

"- Vai desejar factura?
- Não vale a pena, obrigado."

"- Se for com factura sai-lhe mais caro...
- Então pode ser sem factura, se faz favor."

Daí, talvez mereçamos este 'castigo'.
O que não deixa de ser preocupante.
Se isto pega e se torna moda, qualquer dia até a água da chuva terá um preço...