25 de outubro de 2004

Marilyn

Manson e não Monroe!
Se bem que estou cá desconfiada que o primeiro terá escolhido o nome artístico devido à segunda. ;)

Há tempos descobri uma fã deste... como lhe hei-de chamar... 'artista'?, 'cantor'?, 'performer'??
Conhecia-a como pessoa calma, bem disposta, mãe de família, esposa e amiga dedicada.
Essa fã era e continua a ser, segundo a minha opinião, uma pessoa perfeitamente 'normal'.
Não veste habitualmente de negro, não tem piercings, nem tatuagens (que eu saiba...), não usa estranhas lentes de contacto, nem lhe conheço nenhum outro hábito menos ortodoxo.
Reconheço-lhe uma educação, uma dignidade e uma forma de estar na vida rara de se encontrar nos dias que correm.
Mas, no entanto, é fã assumida de Marilyn Manson!
Que fenómeno intrigante...

Os vídeos de Manson deviam ser classificados para maiores de 16 (no mínimo).
Assustadores, ousados, parecem saídos dos nossos piores pesadelos.

As letras das suas músicas apelam ao lado negro da nossa existência.

Os espectáculos desafiam os nossos valores.
Todas as outras bandas do mesmo 'género' (pelo menos, as que eu 'conheço', como os sinistros SlipKnot, por exemplo) não lhe chegam aos calcanhares.

Apesar disso, este Manson tem qualquer coisa.
Há que dizê-lo com frontalidade (já dizia o outro...).

Ao fazer zapping, deparei, um dia destes, com uma entrevista inserida numa reportagem alargada sobre esta figura.
E não é que me fixei no referido programa??

Muito inteligente, controverso, polémico, carismático, misto de feminino e masculino, misto de monstro e de Homem, quem se atreverá a dizer que o conhece?

Não me verão num concerto dele, não encontrarão um CD ou um DVD dele na minha casa (a não ser que mo ofereçam, claro... ;)) mas não nego que a personagem exerce sobre mim um estranhíssimo, inexplicável e algo mórbido fascínio.
Uma mistura de admiração (por quem ousa ir além dos limites) e repulsa (por quem põe em causa valores éticos e morais intrínsecos ao ser humano).

Será que é também este o sentimento nutrido por aquela fã?
Será que Marilyn Manson encontrou a porta para o outro lado da alma?
Será que ele simboliza a atracção inconsciente do ser humano pelo seu lado mais selvagem, mais primitivo, menos domado e socializado?
E será que todos nós a sentimos?