31 de janeiro de 2008

Ele caminhava...

... atrás de mim, à saída do metro.
E eu ouvia-o, a falar no telemóvel.

"Só agora? Mas já estás em casa? Já reparaste que só me ligas quando estás em casa? Não estou nada a começar! Não, não estou a desconfiar de nada..."

Recuei alguns anos.
Lembrei-me daquelas férias que não gozámos juntos.
E, nessa altura, me dizeres:
"Tu é que estás de férias, tu é que tens tempo para me ligar"
E depois, quando foi a tua vez de ires de férias, alterares o teu argumento para:
"Tu é que estás a trabalhar, por isso, tu é que sabes quando podes ligar"

Tive vontade de dizer a este estranho que me seguia que, quando se gosta, não há desculpas.
Se queremos falar, ligamos.
Não precisamos de esperar.
Não contabilizamos quem foi o último que falou.
E não esperamos por chegar a casa.
Nem conseguimos não dar (nem ter) nenhum sinal de vida um dia inteiro.

Engraçado... tenho uma memória fraca mas há coisas que não consigo esquecer.