19 de novembro de 2004

A Arte do Cumprimento

Porque haverá pessoas profunda e intrinsecamente antipáticas??
Parece que um sorriso lhes pode rasgar a pele, que um "bom dia" lhes pode estragar o mesmo.
Caminham cabisbaixas e evitam cruzar-se com conhecidos.
Parecem fazer luxo em distribuir mau humor e reflectem uma espécie de 'azia' que temo contagiosa.
Ao pensar nisto, faço instintivamente uma careta de desgosto e mesmo alguma repulsa por este tipo de atitude.
Eu própria já fui apelidada de antipática, porventura porque, quando estou séria, faço 'cara de má' e pareço genuinamente zangada.
Mas, note-se, faço a distinção clara entre um dia mau, alguma má disposição temporária ou algum acontecimento nefasto e a antipatia constante e permanente como defeito de carácter.

Em tempos julguei perceber a influência do dinheiro no comportamento, na atitude, na roupa e na simpatia e estabeleci 'cegamente' essa relação.
As pessoas tornam-se mais confiantes, mas mais arrogantes e antipáticas.
É claro que não proclamo esta 'regra' como verdade absoluta.
Além disso, o dinheiro recente também difere de quem já nasceu em berço de ouro.

Mas a delicadeza de uma educação (com ou sem dinheiro) reflecte-se enormemente na "Arte do Cumprimento".
Como o usar ou não o nome da pessoa. Não concordam que faz toda a diferença?
Quem me cumprimenta, utilizando o meu nome, conhece-me, sabe quem sou.
O cumprimento deixa de ser algo anónimo, vazio e despido de sentido e passa a ser um voto de bem-estar dirigido a alguém em particular.
Como tenho pena de ser péssima com nomes (ainda que excelente com caras...).
O meu cumprimento torna-se, por isso, quase sempre pobre e impessoal (contra a minha vontade).

Cumprimentar ou não uma determinada pessoa quando se está em presença de diferentes grupos de pessoas ou consoante o ambiente também diz muito sobre a educação de quem cumprimenta.
Quem ignora propositadamente outrem ou quem só interpela alguém quando dele necessita revela muita 'falta de chá' (para não dizer outra coisa) por parte do 'cumprimentador'.
Assisto também, variadíssimas vezes, à mudança da própria forma do cumprimento.
Um beijo chega mesmo a ser substituído por um quase imperceptível aceno de cabeça.
Uma atitude efusiva e amigável é camuflada por uma quase indiferença.

Antipatia, falta de educação, falta de respeito... chamem-lhe o que quiserem!
O que é certo é que existe e que me incomoda.
A vocês não?