23 de novembro de 2004

Arrumadores

Ah, praga!!
Se o olhar matasse, eu, com toda a certeza, já teria, só à minha conta, dizimado uma boa parte desta raça.

De todas as vezes que me cruzo com estes 'profissionais' dos tempos modernos, fico sempre a 'remoer'. Ou por lhes ter dado dinheiro ou por não o ter feito.
Acredito que, se ninguém lhes desse dinheiro, eles com certeza teriam de optar por outra 'profissão'.
Mas o medo fala habitualmente mais alto e acabamos, na maior parte das vezes, por prescindir de alguns trocados em troca de uma momentânea paz de espírito.

Uma vez, ouvi o comentário: "Mais vale fazerem isto do que andarem a roubar velhinhas!".
Será??
Na minha opinião, desta forma, eles não roubam apenas velhinhas, mas todo e qualquer condutor mais cioso da integridade do seu carro.

Há uns tempos estacionei o meu carro (um Twingo, se bem se lembram) num enorme parque de terra. Como não fui a primeira a chegar ao dito parque, limitei-me a alinhar o meu popó pelos outros que já lá se encontravam.
Então não é que vem de lá o maldito arrumador, cheio de gestos e opiniões, afirmando que o meu carro (aquele tamanhão todo que representa um Twingo) estava a incomodar???
Respondi-lhe (já fora do carro) como era isso possível, se a traseira do meu carro se encontrava em perfeito alinhamento com as dos outros carros?!?
Em virtude de (não) nos estarmos a (des)entender, e enquanto me afastava, rematei com a 'brilhante' frase: "Vá mas é trabalhar!!", ao que ele, não se ficando, respondeu: "Oh sua palerma!! Eu trabalho mais do que você!".
Como gosto sempre de ter a última palavra numa discussão (qualquer outra será apenas o início de uma nova discussão...) não pude deixar de lhe dizer: "Trabalhar, não sei se trabalha... agora que ganha mais do que eu, não tenho a menor dúvida!!".
É claro que, enquanto o meu carro permaneceu naquele terreiro, não fiquei um minuto descansada.

Mas, ao contrário do que se possa pensar, estas histórias não são de hoje.
Já o meu avô, movido pelo seu bom coração, tentou fazer caridade a um pedinte que lho solicitou.
Ao dar-lhe alguns poucos trocos, o 'necessitado' em causa torceu o nariz, questionando: "Só isto???"
Sabem o que fez o meu avô?
"Ah, não quer? Então dê cá!" e retirou-lhe o dinheiro que acabava de lhe dar.
Meu avô, meu herói! :)

E só mais uma, para terminar.
Há algum tempo, um colega meu ouviu a seguinte 'pérola' de um destes parasitas: "Estacione aqui, senão..."

Ao ponto que chegámos.
Não sei até quando teremos de viver com esta ameaça sub-reptícia e silenciosa.
Ah, mas se o olhar matasse...