1 de abril de 2008

Lembro-me...


... do que me dizias.
Da dor oca que me provocavas.

E guardo (para sempre) o vazio que ela deixou.

Lembro-me de me sentir farrapo.
Menos que nada nessas alturas.

E (para sempre) mantenho a vergonha do nada ser.


Lembro-me de reconhecer o silêncio que antecedia a explosão.
De incitar a tua ira por não te temer.
Das discussões acesas e dos amuos prolongados.

Impossível esquecer que somos estranhos, iguais.
Inadaptados (demais), sensíveis (demais), selvagens (demais).

Sei que sou produto de ti, de nós.
Vinho da mesma cepa, farinha do mesmo saco.

E não deixo de me lamentar por isso.