14 de julho de 2004

'Fashion Victims'

Correndo o risco de tornar este post snob, elitista e discriminador, vou ter mesmo de falar sobre esse grupo cada vez maior de pessoas que tem por nome: 'Vítimas da Moda'!

Encontram-se por todo o lado.
São mulheres, principalmente.
Se não estão distraídos, sei que também 'esbarram' com elas constantemente.
Pessoas cuja falta de espelhos em casa e cuja falta de vergonha no corpo que têm, as torna, por vezes, ridículas.
Porquê ridículas?
Pelo simples facto de que usam obrigatoriamente o que está na moda, sem ter em conta as suas características físicas.

Hoje em dia ninguém quer saber se é gordo ou mal-feito, se tem as pernas curtas, se não tem cintura, se tem um peito XXXLLL, se é esquelético, se o seu tronco parece uma tábua de passar a ferro, etc, etc.

Se a moda é usar tops curtos, que importa se tenho barriga ou pêlos nas costas?
Se a moda são os corsários, que importa se tenho as pernas curtas ou de canivetes?
Se a moda são as cores berrantes, que importa se sou gorda ou não tenho cintura?
Se a moda é ter um piercing no umbigo, que importa que os pneus que tenho na barriga não permitam que ele se veja?
Se a moda é ter o cabelo pintado, que importa que eu não tenha tempo, nem dinheiro, para ter as raízes do mesmo cuidadas?
Se a moda (e o ser-se sexy) é usar decotes até ao umbigo, que importa se tenho o peito estriado?

Se é Moda, que importa que não me fique bem????

E não confundamos a falta de gosto e de dinheiro com esta 'Síndrome da Moda' que tantos portugueses vitimiza.
Há quem gaste mais para andar ridiculamente 'na moda' do que para comer decente e saudavelmente, por exemplo.

O pior é que os portugueses são, nos dias que correm, tendencialmente obesos e tipicamente 'desleixados'.

Achamos que está na moda a sensualidade e que esta consiste em mostrar tudo desde que não sejamos presos por isso, ou seja, "vale tudo menos tirar olhos".

"Eu ainda sou do tempo" em que éramos mais comedidos (talvez até demais).
A moda (e a sensualidade descarada que hoje se lhe associa) era mais discreta, mais delicada.
Não era algo que usávamos para nos vender como pessoas 'in', 'sexy', 'na moda'.
Era apenas algo com que tentávamos melhorar a nossa aparência, realçando o que tínhamos de bonito e disfarçando o que não era tão bom.

Se ao menos toda esta 'liberdade', toda esta falta de complexos significasse que somos mais felizes, mais realizados, mais seguros e auto-confiantes.
Mas temo que queira dizer exactamente o contrário...