26 de março de 2009

Começou logo...

... na escola primária.
A minha professora achou que eu estava mais avançada que o resto dos meninos e quis que eu fizesse 2 anos num único.
Mas os meus Pais não gostaram da ideia e mantive o passo previsto, um ano de cada vez.

Depois cheguei ao ciclo preparatório e fui a melhor aluna da escola.
Ganhei medalhas e obtive a nota máxima em todas as disciplinas.

No liceu, mantive sem esforço as boas notas.
E, com 15 anos, fui escolhida para representar Portugal no Parlamento Europeu dos Jovens em França, na área de Saúde.

Na PGA (era assim que se chamava, não era?) tive mais de 80% quando a média nacional pouco ultrapassou os 50%.
E numa prova específica de Matemática para acesso à Universidade, tive 75% quando a média nacional foi negativa.
Chegada a altura de escolher o Curso e a Faculdade, tinha média para o que me desse na real gana.

A par disto, sempre tive bons amigos e sempre me considerei 'popular'.
Longe da imagem do 'marrão', só estudava nas vésperas (muito devido à minha crónica falta de memória!) e gostava de jogar vólei e de ir atrás dos rapazes mais giros em todos os intervalos.
O único rapaz com atitude de bully em relação a mim, acabou o ano a dizer que queria casar comigo e ter 5 filhos.

As coisas só começaram a descambar na Faculdade.

O curso foi mal escolhido, sei-o hoje perfeitamente.
E subitamente tornou-se muito mais difícil conseguir bons resultados.
Guardo, com muito carinho, as Amizades que criei nessa altura (e que mantenho até hoje) e a lembrança das festas, dos rallies-paper e dos jogos de King e Espadinha que preenchiam todas as aulas a que nos baldávamos.

Mas o fim da 'época áurea' aproximava-se a grande velocidade.

Mesmo assim, terminei o curso no tempo previsto e a empresa que me contratou foi literalmente buscar-me à Faculdade.
Tudo continuava a chegar-me de mão beijada.

Só então começaram os 'fracassos'...
E nada até aí me tinha preparado para tal cenário.

O 'salve-se quem puder' da selva profissional foi (e continua a ser) o maior obstáculo que nunca consegui ultrapassar.
E o 'parecer mas não ter de ser' continuará sempre a incomodar-me.

O facto de que não consigo impôr-me e de que não me distingo pela positiva, como sempre aconteceu, é um peso complicado de carregar.
E a estagnação pessoal e profissional rouba-me esperança, energia e entusiasmo.

Todos os amigos casaram, tiveram filhos, têm carreiras prósperas e são pessoas realizadas e bem sucedidas.
Se a vida fosse uma corrida, teriam partido depois mas cruzado a meta em primeiro lugar.

E não é fácil suportar a sensação de que me deixei ultrapassar.
De que, sem saber quando, nem como, passei de 'melhor' a 'pior'.

Se bem que em nenhum momento lamente todos os sucessos que vivi, talvez alguns percalços pelo caminho tivessem permitido tornar-me melhor pessoa no presente.
Ou, pelo menos, em alguém não tão inadaptado...