23 de junho de 2004

Amigos

Conto pelos dedos de uma mão os Amigos que tenho...
E, mesmo assim, nunca foram 'postos à prova'.
E vocês? Quantos Amigos têm?

Tenho uma teoria particular sobre relacionamentos interpessoais.
Mas quando a discuto, sou quase sempre contestada.
Por isso, até já tenho 'receio' de a defender.
As pessoas sentem-se melindradas pela minha sinceridade.
Mas já o outro dizia: "Há que dizê-lo com frontalidade!!"

Não considero as pessoas com quem trabalho como minhas Amigas.
Não considero os meus colegas da 'escola' (primária, ciclo preparatório, escola secundária, faculdade, formação profissional, mestrados, pós-graduações, etc, etc) como meus Amigos.
Não considero quem passa pela minha vida, sem ficar, como meu Amigo.

Uma Amizade constrói-se, não nasce num segundo.
Cresce nos bons momentos e fortalece-se nos maus.
Frases feitas, não é?

Então aqui ficam as 'feitas' por mim...
Para mim, um Amigo é:
alguém que acompanho nas trivialidades do dia a dia,
alguém que me procura para desabafar,
alguém que me apoia quando mais ninguém o faz e mesmo quando discorda de mim,
alguém que, mesmo longe da vista, sei que está sempre por perto do coração,
alguém de quem sinto falta quando se ausenta,
alguém que procuro para me divertir,
alguém que adivinha quando me apetece chorar,
alguém com quem o silêncio adquire significado,
alguém que sabe sobre mim coisas que mais ninguém sabe,
alguém que me revelou igualmente os seus 'segredos'.

Dos Colegas, posso conhecer os nomes dos seus filhos, das esposas e dos maridos, posso saber as datas dos seus aniversários, o que fazem, onde moram, que carro guiam, do que gostam, de que clube são, interpretar correctamente algumas expressões faciais e reconhecer alguns estados de espírito.
No entanto, não sei o que os aflige, o que lhes rouba o sono à noite, o que ambicionam para o seu futuro, o que os faz chorar de alegria, o que pensam realmente sobre a sua vida.

O que queria deixar bem claro é que o facto de não o considerar meu Amigo, não torna um Colega menos importante.
Gosto muito de muitos Colegas, agrada-me o seu sentido de humor, a sua simplicidade, a sua disponibilidade, a sua ajuda em tantas ocasiões e até mesmo o seu companheirismo.
Estão presentes em alguns dos bons momentos e, se não lhes causar muito transtorno, até não desaparecem ao primeiro sinal de um momento pior.

Mas, de vez em quando, interrogo-me sobre o que aconteceria se, de um dia para o outro, eu emigrasse, ficasse sem casa e sem trabalho ou adoecesse gravemente, por exemplo.
Quem ficaria ao meu lado dos 'so called amigos'?
Quem não se esqueceria de mim?
Quem 'se daria ao trabalho' de procurar saber em que poderia ajudar?
Com quem, pura e simplesmente, poderia eu contar?

Vejo surgirem "amizades enormes" num ápice.
Vejo assegurarem a garantia de que embarcaram nas mesmas para a vida!
Infelizmente, também assisto à fraqueza dos laços que as seguram e à memória curta de um 'povo' para quem 'Quem desaparece, esquece'.

E agora? Ainda se consideram meus Amigos? ;)