“Porque é que não te entregas de corpo e alma?” perguntou-me ele, ‘inocentemente’.
Achei graça ao desafio, à provocação.
Entrego-me a quê?
A sessões aleatórias de sexo desenfreado porque ‘não tenho nada a perder’?
A uma relação insípida porque estou sozinha?
A aventuras pontuais porque realizam fantasias?
A uma mentira calculista, por interesse?
A um casamento com tudo para não dar certo porque quero ser mãe?
Entrego-me a quem?
A um homem que só me procura por luxúria?
A um rapaz que só me quer por solidão?
A situações ingratas e sem futuro que desrespeitam terceiros?
A um homem que só quero por amizade?
A um pesadelo em nome de um sonho?
Reconheces-te em algum deles?
Percebes que não sou só corpo?
Consegues ler a minha alma?
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