27 de agosto de 2009

"A menina triste"

É alegria o que me falta.

A que se vê no olhar da vizinha octogenária quando se aperalta para acompanhar a procissão.

A que se sente na voz da prima (10 anos mais velha) quando nos convida para uma noitada a meio de uma semana de trabalho.

A que anima o primo que, sem esperar, perdeu o emprego mas que não se deixa perder em lamúrias.

A que se ouve no riso do tio emigrante só porque agora está cá e afoga as saudades em banquetes, petiscos e outras guloseimas.

Mas eu sigo, constante, na linha recta do gráfico de emoções da minha vida.

Como se, daquela vez em que a linha atingiu mínimos (ou terão sido máximos?) nunca antes alcançados, eu tivesse perdido a capacidade de voltar a fazer variar esse gráfico.

Uma festa é apenas mais uma festa.
Um homem não é nada mais do que um homem.
Um dia é a cópia quase perfeita de qualquer outro.

Sem lágrimas, nem ris(c)os.
Sem vida, sem morte.

Um espelho mágico que reflecte sempre um sorriso calmo, beato.

Sem início(s), sem fim...




P.S. Título descaradamente roubado daqui