29 de agosto de 2008

Ele...

... tem uma insegurança quase infantil.
Uma necessidade de se afirmar que tenta, mal ou bem, disfarçar.

Ele tem de se mostrar.
Provar que o acham bom.

E fá-lo ingenuamente.
Apenas pedindo atenção.

Raramente o sinto homem.
Vejo-o sempre menino.

Com ele, não sou mulher.
Apenas apoio, arrimo.

28 de agosto de 2008

Surgiu...

... há coisa de 3 semanas, no café onde vou todas as manhãs (de Agosto).
E agradou-me a possibilidade de o ver regularmente... pelo menos durante um mês.


Olhou-me como gosto de ser olhada.
Sem disfarces, sem pudor.

Olhei-o apenas como fui capaz.
Sem defesas, com rubor.

Hoje surgiu de novo... acompanhado.

Senti que me olhou ainda.
Não o olhei.

27 de agosto de 2008

As boas conversas...

... são como requintadas refeições completas.

Começam com uma entrada deliciosa que nos deixa com água na boca, incitando-nos a continuar, imaginando o que virá a seguir.

Depois presenteiam-nos com vários pratos principais, substanciais e suculentos, (pre)enchendo-nos o corpo e saciando, em grande parte, vícios de apetites e gula.

Mas há sempre um cantinho que queremos reservar para a sobremesa... acreditando que será sublime, perfeita!
Há sempre a ilusão de esperar a cereja que enfeita o bolo.

E é sempre uma decepção comer uma sobremesa que compromete toda a refeição...

26 de agosto de 2008

Para quê...

... falar se não podemos ouvir?
Para quê prometer se não podemos cumprir?

Detecto cansaço, alguma impaciência.
Ausculto frieza, reserva, indiferença.

Trai o que se diz para atrair.
Afasta-se quando se quer seduzir.

Para quê fingir que a vida é boa assim?
Para quê tentar se já sabemos o fim?

25 de agosto de 2008

Olha que dois...

Ele:
"Acho que cada vez menos consigo estar comigo mesmo"

Eu:
"E eu parece que cada vez mais não consigo estar com outras pessoas"

22 de agosto de 2008

Sou assim...

... e acredito que não sou a única.

A minha pele arrepia-se com...
... finais triunfantes.
... o aplauso sentido e unânime.
... o orgulho profundo em alguém querido.
... a emoção da vitória intensamente sentida.

E os meus olhos enchem-se de lágrimas...
... na vénia que faço à humildade.
... no respeito comovido pelo mérito.
... no silêncio que reservo para ouvir o Hino.
... na união de vozes a cantar em uníssono.

É assim na Luz com as "(...) papoilas (...)" e o vôo da Vitória.
É assim em cada golo e no grito único entoado a mil vozes.
É assim em cada espectáculo grandioso e inesquecível.

E é sempre assim em todas as demonstrações do quão grande ainda consegue ser Portugal.


Tinhas razão, Vanessa, foi mesmo "ouro sobre azul".

Aliás, foi o nosso melhor Ouro somado à nossa melhor Prata!



Parabéns e Muito Obrigada, Portugal!

21 de agosto de 2008

De quando...

... em vez, fazes-me lembrar (d)ele.
E não gosto.

O mesmo distanciamento.
O mesmo desapego.
A mesma indiferença.

A mesma atitude egocêntrica.
De quem passa mas nunca pretende ficar.
De quem perturba mas nunca se deixa afectar.

Mas, tal como a ele, não te consigo parar.
E, tal como dele, não me consigo afastar.

20 de agosto de 2008

É a insegurança...

... que te faz falar assim, eu sei.

É o medo de seres de menos que te impele a ser (de)mais.
É a vergonha de não seres tanto que tentas vender em brilhos.

Mas é a (in)certeza do que vales que te transformou em quem és.
E o desejo imbecil de ofuscar que te fez desagradável e rude.

Quando me mentes, finjo que acredito.
Se queres assombrar-me, abro os olhos de espanto.

Mas de tanta perfídia, reservo distância.
E a esta distância... percebo-te só.

18 de agosto de 2008

Por vezes...

... os astros confluem.
E fazem-nos convergir, curiosa e paralelamente, sem nos tocarmos...

Este fim de semana, tinha admirado as fachadas que construímos.
As mentiras que vendemos por acreditarmos nelas.
As máscaras que colocamos para brilhar... e vencer.

E tive a certeza "Eu não sou assim!".

Só que, depois, veio o B. e disse:
"Tenho uma boa ideia da tua essência e não é aquela que desenho quando leio o teu blog. Não estou a dizer que o que leio é pior ou melhor do que acho que tu realmente sejas... é diferente"

E, mais tarde, o P. atirou mais lenha para a fogueira quando afirmou:
"Talvez haja uma relação entre o conteúdo do blog e o estado de espírito de quem por lá passa e sente o tal "aconchego". O aparecimento de uma nova relação (seja de que tipo for) numa altura menos boa, pode facilmente levar ao afastamento, ruptura, ou a uma aproximação pelos motivos errados. Juntas esta última com o teu blog e tens mel!"

E, nessa altura, ponderei:
"Talvez eu seja assim, afinal..."

14 de agosto de 2008

Chego...

... a ter medo de mim.
Sou um perigo (só) para mim própria.

"Vales cada Km da viagem..."
E eu logo a querer que ele venha.

"Nunca tive ninguém como tu"
E, enlevada, toda eu a acreditar.

Há quem bata com a cabeça em esquinas, tropece em degraus que não vê, caia em buracos que não distingue.

Já eu vejo as esquinas que me ferem... mas vibro com a dor que me provocam.
Percebo os degraus que me derrubam... mas anseio pela adrenalina da queda.

E conheço o fundo dos buracos que me engolem... mas é (apenas) o seu perigo que me dá prazer.

13 de agosto de 2008

A espera

Sinto-me à espera.
Sento-me, aguardo.

Não sei bem do quê.
Não sei bem de quem.

Mas espero que chegue.
Aguardo que venha.

Sento-me, aguardo.
Mas sei que é em vão.

Sinto-me à espera.
Em tola ilusão.

12 de agosto de 2008

Que situação!

Não atendo os seus telefonemas.
Respondo mais tarde e só por mensagem.

Evito lembrar-lhe que existo.
Fujo a encontros, 'acasos' e outras 'coincidências'...

Não deixo de ser 'simpática', não perco a educação.
Mas já não coloco 'smileys' nas SMS's, nem 'Bjs' como conclusão.

Ainda assim, volta à carga.
Insiste, liga outra vez.
Quer ver-me, falar comigo.
Já não sei o que fazer!

Que diabo, não entende??
Será apenas solidão?
E não poder ser frontal...
Oh, meu Deus, que situação!

11 de agosto de 2008

Meu menino

Ainda te sinto menino.
Ainda te quero embalar.

Não me arrependo de nada.
Sei que não quero voltar.

Mas ainda me banho em carinho.
Quando me falas, menino.

8 de agosto de 2008

Queres...

... um colo que te abrigue.
Num peito que te consuma.

Um coito que te mantenha a salvo.
Num coito que não te consiga aplacar.

Queres a brisa suave do Outono num olhar.
E o suor desabrido do Verão a pulsar.

Queres a emoção constante, renovada num só ser.
E a paz serena, imperturbável, recuperada em cada beijo.

Sei o que queres, sinto o que sentes.

A fome implacável que corrói o teu ventre.
O clamor silencioso sepultado no meu peito.

7 de agosto de 2008

Estou...

... nervosa, inquieta.
Perturbada, irrequieta.

Quero-te aqui, agora!
À distância de uma hora.

Quero-te meu, disponível!
Fantasia exequível.

Mostra-te, mostra-o, desejo patente!
Toca-me, toma-me, intuito evidente.

Mas vem,
Toca-me,
Toma-me!

E sossega-me,
Aquieta-me...

6 de agosto de 2008

Já não é...

... a primeira vez que leio, ouço ou comprovo a ideia de que é fácil para um homem encontrar uma mulher que o 'acenda'.
O que lhes parece difícil é descobrir uma que os desafie intelectualmente... uma com quem percam a noção do tempo apenas a conversar.

Não posso falar por todas as mulheres mas eu...
... já conheci (muitos) homens inteligentes que nunca conseguiram 'acender-me'.
... já me senti intelectualmente estimulada (muitas vezes) sem sentir qualquer outro tipo de 'calor'.
... já me esqueci do tempo embrenhada em (muitas) conversas que nunca tiveram nenhum fim mais 'escaldante'.


Não posso falar por todas as mulheres mas a mim...
... o que me parece difícil é descortinar alguém que me incendeie!

5 de agosto de 2008

Não me considero...

... nenhuma especialista em moda.
Bem pelo contrário!
Tenho roupa com centenas de anos e consigo vestir o que gosto até puir e romper.
Por esse motivo, raramente estou in... e isso pouco me importa.

Mas gosto de olhar para as pessoas.
Para o que vestem, como se enfeitam.
Gosto de apreciá-las, perceber a sua atitude.
Notar a forma e a cadência com que andam.

Observo os gordos que não sabem (nem querem) esconder que o são.
Contemplo os magros que não sabem (nem querem) disfarçar que o são.
Vejo óculos escuros enormes que tapam os olhos e as caras de quem atrás deles se esconde.
Examino cabelos pós modernos, estilos vanguardistas, roupa do último grito.
Julgo outros como eu... parados noutra década... noutro século.

E percebo os que fogem e os que fingem.
Os que se escondem e os que se exibem.

E distingo os que vivem para serem olhados.
E os que olham para aprender a viver...

4 de agosto de 2008

Há dias assim...

... em que tudo parece correr bem.
Horas em que tudo parece compor-se.
Minutos em que um pormenor estúpido me prova que estou viva.

Dias que, pela sua raridade, degusto com prazer.
Horas que, por serem curtas, curto com singularidade.
Minutos que, de tão fugazes, agarro com intensidade.

Há momentos assim...

... em que agradeço as pessoas que comigo se cruzam...
... e a vida que, sem saberem, conseguiram oferecer-me.

1 de agosto de 2008

Todos os sonhos...

... me parecem mais belos antes de os realizar.

Todos os 'antes' me embalam e estimulam.
Todas as antecipações me deliciam e incitam.

Mas os 'depois' não são tão esplêndidos.
Os acordares não são tão belos.

Todas as vontades se esgotam quando saciadas.
Todos as ilusões desabam quando implodidas.

Todos os anseios empalidecem ao sol.
E todos os sonhos se exaurem quando findos.