26 de maio de 2009

Não entendo a pressa...

... e travo o gole que sucede ao primeiro tragado com sofreguidão e ânsia.
... e prolongo o beijo e o abraço, atrasando a despedida.
... e adio o virar de página, saboreando o prazer do livro em mãos.
... e caminho devagar porque assim vejo as caras e os passos dos demais.
... e como sentada e leio ou converso, apreciando a minha companhia ou a dos outros.
... e mastigo lentamente, vendo partir primeiro quem chegou depois.
... e dormito ao sol, enquanto a Maria dorme também no meu colo.

E não (pre)encho os meus dias com horas marcadas...
... e sítios para estar...
... e gente para ver...

... porque preciso de sentir o tempo a passar...
... e quero sempre sentir-me no tempo que passa.

19 de maio de 2009

É alívio...

... o que sinto.
Mas só vejo isso agora que já não estás.

Nunca percebi o quanto me ensombravas.
O quanto cedi e (me) comprometi.

Nas tuas costas, ouço agora os desabafos.
As opiniões que, finalmente, conhecem o dia.

E noto, surpresa, que outros se deixaram também ensombrar.

Enleados em caos e preguiça.
Inebriados por talento e respeito.

Às vezes, acordamos muito tarde...
... e de um pesadelo nunca é cedo demais.

Agora que já não estás...
... alívio é tudo (e só) o que sinto.

15 de maio de 2009

A recta...

... estendia-se à minha frente.
E estreitava-se até se tornar um ponto minúsculo... lá, onde os meus olhos já não conseguiam alcançar.

Pensei que, de onde estava, parecia impossível que o meu carro coubesse naquele ponto minúsculo.
E apercebi-me que a Vida também é assim.

À distância, há pontos no caminho que parecem intransponíveis.
Até lá chegarmos...

12 de maio de 2009

Ele(s) e Ela(s)

Gosto das suas perguntas... fazem-me pensar.
E esforço-me por respondê-las... sempre com a verdade.

Às vezes, torna-se indiscreto.
Outras, sem saber, é terapeuta.

E encaminho-o para falar dele e não deles.
E dou por mim a falar de mim e não delas.

Até porque estou habituada a raramente ser como elas.
E ele talvez também seja diferente de outros eles que conheço.

E por isso falo-lhe do medo que me estrangula a loucura.
Dos sustos e dos riscos estúpidos que me sufocam imprudências.

E vemos o cinzento nas nossas palavras...

As amarras a que eu me obriguei.
A rebeldia que ele nunca viveu.

E invejamos quem não se prendeu.
Quem arrisca, sem medo de perder...
... e que ainda não se perdeu.

Mas enquanto ele quer coragem para ser quem é...
... eu só quero força para mudar quem sou...

8 de maio de 2009

Não sei...

... como explicar isto melhor.

Mas recuso-me a discutir com quem não discute comigo...