9 de outubro de 2009

Não é...

... o tipo de jogo que domine.

O que exige audácia e rapidez de execução.
Think fast, move faster.

Coloco as (minhas) peças com cuidado.
Prefiro demorar algum tempo a passar de nível, fazê-lo sem arriscar.

Por vezes dou voltas escusadas.
Faço manobras inúteis.

Erro sistematicamente quando não penso, não sinto.
O acto mecânico trai-me e eu perco.

Mas o jogo provoca-me:
"Quer tentar outra vez?"

11 de setembro de 2009

É de menos!

Não é que procure um homem dependente, acessório ou apêndice.

Mas acredito que todos os inícios devem ter um quê de sôfrego e ansioso.
Serem um misto antagónico de medo, incredulidade e esperança.
Uma mescla de emoções que nos prende ao telefone, ao MSN ou ao mail.
Uma tempestade de sensações que nos gela ou queima, nos incentiva ou desanima.

Nesse contexto, o exagero é benvindo.
O excesso de atenção, o interesse desmesurado.
A atracção inesgotável, o encanto disparatado.
Palavras até à exaustão, carinho até à saturação.

Um início morno é um prenúncio de morte.
Nem chega a ser um "Talvez", assume-se um quase certo "Não".
Desfaz-se nas horas de espera, congela na indecisão.

Um início morno nem sequer é um início.
É um fim por antecipação.

10 de setembro de 2009

Ele esteve lá



Na festa onde previste que estaria.

Pensei:
"Devias ter ido"
"Afinal, é das poucas emoções que te restam"

Mas recordei outras noites, outras festas.

Aquela onde me acobardei.
A outra em que te deixei.
O beijo que nunca te dei.
O corpo que nunca amei.

E pensei:
"Tola!"
"Fizeste bem!"

"Vives no quase que se torna tudo"
"Morres no quase que nunca chega a ser nada."

3 de setembro de 2009

No futebol...

... sou mais preconceituosa que muitos homens.
E, portanto, na maior parte das vezes, é-me penoso ouvir uma mulher falar sobre este tema.

Ontem, quando acompanhava a Prova Oral, humilhou-me (enquanto mulher e benfiquista) ouvir a convidada do programa (benfiquista de corpo e alma, nas suas palavras!) partilhar a sua opinião sobre o Javi Garcia e o Nuno Gomes.

Admitir que não se tem a mínima ideia se o primeiro é ou não bom jogador (mas lá que tem 'boa presença', tem!) mas ter a certeza absoluta que o segundo é uma "fraude" que há muito já devia ter abandonado o seu Clube é de uma ignorância (e arrogância) pornográfica.

Se só se vê um jogo para apreciar as pernas e os rostos dos jogadores, devemos abster-nos de comentar a sua competência profissional.
Simplesmente porque não saberemos fazê-lo.

"Por qué no te callas?!"
Ou melhor... porque não te limitas a falar do que sabes?!

2 de setembro de 2009

E quando...

... os via já embalados na estrada da vida,
quando os imaginava felizes para sempre,
eis senão quando quebram o idílio que para eles eu havia criado.

Porque tudo parecia rápido e acertado naquele momento.
Próprio do que certamente estaria escrito nas palmas das suas mãos.

Porque tudo surgia natural e simplesmente.
Como se se pertencessem mesmo antes de se conhecerem.

Porque a sua vida não parecia ser a dois mas a um só, feito de dois.
E depois 3... e a seguir 4...

Porque o meu faro não é apurado quando vos penso felizes.
E vejo os sorrisos mas passam-me despercebidas as sombras nos olhares.

Porque sou água límpida e clara que turva mas não esconde.
E julgo-vos água igualmente transparente.

Porque não penetro a rocha que se mostra forte e duradoura.
E escorro enquanto a sinto e perco-me sem conseguir descobri-la.

E por isso, via-vos já embalados na estrada da vida.
E imaginava-vos felizes para sempre...

27 de agosto de 2009

"A menina triste"

É alegria o que me falta.

A que se vê no olhar da vizinha octogenária quando se aperalta para acompanhar a procissão.

A que se sente na voz da prima (10 anos mais velha) quando nos convida para uma noitada a meio de uma semana de trabalho.

A que anima o primo que, sem esperar, perdeu o emprego mas que não se deixa perder em lamúrias.

A que se ouve no riso do tio emigrante só porque agora está cá e afoga as saudades em banquetes, petiscos e outras guloseimas.

Mas eu sigo, constante, na linha recta do gráfico de emoções da minha vida.

Como se, daquela vez em que a linha atingiu mínimos (ou terão sido máximos?) nunca antes alcançados, eu tivesse perdido a capacidade de voltar a fazer variar esse gráfico.

Uma festa é apenas mais uma festa.
Um homem não é nada mais do que um homem.
Um dia é a cópia quase perfeita de qualquer outro.

Sem lágrimas, nem ris(c)os.
Sem vida, sem morte.

Um espelho mágico que reflecte sempre um sorriso calmo, beato.

Sem início(s), sem fim...




P.S. Título descaradamente roubado daqui

5 de agosto de 2009

Será normal, pois então!

É que nem me atrevo a dizer o contrário.

Passado algum tempo de luto, apatia ou desânimo, reerguermo-nos emocionalmente e, mais ou menos rapidamente, encontrarmos outro alguém (ou o mesmo alguém) que nos renove as cores, os sons e os aromas do Mundo.

Por isso, não levo a mal que perguntem.
Ou que assumam que não estou só.

Porque seria normal.
E é verdade... já seria tempo!

No mesmo tempo, acompanhei separações e reatamentos.
Divórcios e novos casamentos.
No mesmo tempo, deu tempo para aventuras e flirts.
Desilusões, romances e finais felizes.

Ninguém fica só por tanto tempo.

Mais ou menos rapidamente, surge alguém que vale a pena.
Que nos faz esquecer o que passou.
Que acelera cada um dos nossos dias.
Que nos faz voltar a ansiar por amanhã.

E, portanto, não estranho que isso aconteça.
Uma e outra vez.
A quem só ouço a história mas também a quem conheço.

Mas se é normal, pois então...
... porque impede o destino que me aconteça?

31 de julho de 2009

"The Curious Case of..."

O meu espírito infantiliza-se
na medida exacta em que o meu corpo envelhece.

Apenas lamento ter sido tão velha
quando o meu corpo era tão jovem...


30 de julho de 2009

Penso tantas vezes...



... estarás comigo amanhã?

E, mesmo antes de adormecer, receio...
... voltarei a ver-te quando acordar?

Porque, nesse dia, foi tudo tão perfeito.

Adorei-te.
Adorei-nos.

E, assim, tantas vezes me interrogo...
... quanto tempo ainda temos?
... quando olharei em volta e terás partido?


Quando me deixarás e me encontrarei sozinha?

26 de junho de 2009

Aquele dia...

... lembrou-me o último episódio de uma telenovela.
E aquele pressuposto de que, no fim, tudo termina bem.
(porque, se nem tudo está bem, é porque ainda não acabou...)

As crianças brincavam no jardim.
O sorriso dele impressionava pela paz em que o sentia.
No cansaço dela adivinhava-se uma azáfama de promessas e dias felizes.
Nas vozes e nos risos, sentia-se o calor do dia e o valor da amizade.

E eu na montra da loja.
De rosto colado ao ecrã de TV.
Do lado de fora.
Olhando para quem vive lá dentro.

E como vivem!
E como vives!

Penso no que sofreste para chegar aqui.
No que riste e partilhaste para conseguir vencer.

Conheço poucos tão merecedores.
E, na minha TV, és personagem principal.

Ela será agora a tua luz... a tua Luna.
E será, com toda a certeza, mais uma estrela no meu firmamento.

Muitos Parabéns, Carlota!!